Por conta do irritante e ridículo comercial que tenta convencer os consumidores a encher o tanque de seus automóveis com álcool…
Pausa para conferir o diálogo entre um publicitário e um funcionário público sobre a mudança no nome do álcool
Publicitário: “Precisamos trocar o nome desse produto. Álcool é muito brasileiro e lembra bebida, que como você sabe, não combina com direção. É politicamente incorreto”.
Funcionário público: “É, você tem razão.”
Publicitário: “Temos que fazer com que o Brasil se transforme em um player importante nessa área. É preciso um nome globalizado, moderno e que permita um crossmedia eficiente”.
Funcionário público: “Mas isso vai custar caro, esse crossmedia?”
Publicitário: “Não se preocupe com isso. Tem verba publicitária da Petrobras, do Ministério das Minas e Energia, das Cidades, da Agricultura, dos Transportes, além de vários outros órgãos que vão adorar colocar dinheiro nessa ideia”.
Funcionário público: “Verdade, tem muito dinheiro sendo gasto em bobagens como casas populares e incentivo a indústria. O que o povo vai lembrar é dessas coisas de Copa do Mundo, Olimpíadas e dessas mudanças que têm relação com carro.”
Publicitário: “Acho que devemos chamar o Álcool de Etanol. Esse e o nome usado nos Estados Unidos, não faz o menor sentido para os brasileiros – o que é bom – e ainda vai ajudar na hora de vendermos o produto pra lá.”
Funcionário público: “Vender? A gente não consegue nem mesmo produzir para o consumo interno na entressafra. Como é que vamos vender pra alguém?”
Publicitário: “Cala a boca e assina essa autorização, que a gente vai ficar rico!”
Fim da pausa para conferir o diálogo entre um publicitário e um funcionário público sobre a mudança no nome do álcool
…fico pensando como um país com tantos recursos naturais possa ser tão negligente na hora de convencer sua população em não destruir (muito) a natureza. Negligência de governantes e governados.
Além de não dizer que o álcool é mais caro que a gasolina (em termos de autonomia), o anúncio não cita que já usamos uma gasolina batizada com álcool, para ajudar o meio ambiente e os bolsos dos produtores de cana de açúcar.
Mas não é só nessa área que ser ecologicamente correto é caro. Tente comprar um bloquinho (para usar um exemplo bem jornalístico) ou qualquer coisa produzida com papel reciclado. É, pelo menos, três vezes mais caro do que o feito com papel comum. Experimente tentar encontrar uma lata de lixo onde possa separar os detritos de papel dos de vidro ou qualquer outro material. Não existe isso nas nossas ruas.
Pergunte ao seu síndico – seja ele contra ou a favor da reciclagem – como é complicado organizar a coleta seletiva. São os moradores que não ajudam, as empresas de coleta que jogam a responsabilidade para as cooperativas e a total falta de transparência do destino desse lixo.
Dizem que apenas 4% do lixo carioca é reciclado. De quem é a culpa? Até quando teremos que pagar mais caro por coisas que ajudam o planeta? É mais caro porque vende menos ou vende menos porque é mais caro? Tostines?
Enquanto não respondem, vamos acabando com o nosso lugar de viver.