Depois de um razoável período sem lançar um trabalho novo, quando se envolveu em algumas polêmicas, arrumou algumas inimizades e, quem sabe, fechou algumas portas, Ed Motta está de volta com AOR – sigla para Adult-Oriented Rock ou Album-Oriented Rock -, lançado pela gravadora Lab 344.
O disco, como o próprio título sugere, é uma “volta” ao som mais balançado e suingado, típicos do cantor/músico/arranjador, que andava meio sumido em várias de suas obras – como em Dwitza (2002) ou Aystelum (2005) – e que vinha sendo lentamente retomada nos últimos trabalhos. AOR remete ao som criado por nomes como Marcos Sabino, Biafra ou Christopher Cross, isso sem nenhum tom de ironia ou crítica.
Ed Motta é sempre polêmico, mesmo quando não faz nada para isso. Seus trabalhos são sempre divididos entre os que os consideram ótimos e os que acham tudo superficial. Vira e mexe há alguma comparação (injusta) com o tio Tim Maia, o que nunca faz bem para a sua música.
AOR tem todos os elementos com os quais Motta se consagrou como um dos mais competentes e sofisticados artistas da nossa música. Os arranjos são complexos, sem perder o foco na melodia, o baixo de Rubinho Tavares mantém a pulsação na maioria das faixas e os vocais com scats e cheios de personalidade estão lá.
O álbum – gravado entre maio e setembro de 2012 – conta com várias parcerias (Rita Lee, Adriana Calcanhoto e Chico Amaral, entre outros), algumas composições solo e a participação de uma ótima banda, tendo como um dos destaques o saxofonista niteroiense Marcelo Martins. Infelizmente, o repertório é irregular e alterna ótimas faixas – como Episódio – com outras menos inspiradas – como S.O.S Amor -, o que nos faz dar ainda mais valor aos ótimos arranjos das canções.
AOR é um bom trabalho, onde Ed Motta mostra qual o seu caminho e deixa a impressão de que o melhor ainda está por vir. Uma boa audição para todos os que gostam do estilo “AOR balançado“.
Esse texto também foi publicado no jornal O Fluminense