Ainda no calor e da surpresa pela escolha de um papa argentino, li um artigo muito pertinente no O Globo sobre a maneira com a qual os brasileiros estavam torcendo pela escolha de um brasileiro, como se isso fosse uma “questão de honra” ou valesse comemoração com a da conquista de uma Copa do Mundo. Parecia que mesmo que os candidatos brasileiros fossem o Collor, o Sarney ou o Dunga, seria bom que o papa fosse nosso.
Em um momento tão conturbado como o que atravessa a Igreja Católica, com escândalos monetários, casos de pedofilia e a perda constante de fiéis para seitas oportunistas travestidas de religião, que se infiltram na política, no comércio, indústria e até mesmo nos meios de comunicação, não sei se o jeitinho brasileiro seria uma boa opção.
Francisco (sem o I) já cai no gosto do mundo com sua simpatia (algumas milhares de vezes maior que a do antecessor, coisa que até eu conseguiria ter) e mesmo as suspeitas de que não teria combatido a ditadura argentina de maneira mais incisiva parecem não abalar a expectativa sobre o novo pontificado, que precisa recuperar a força, o prestígio e o número de fieis perdidos nos últimos anos.
Temo que a figura de Bento XVI (em algarismos romanos, já que é assim que se escreve) acabe esquecida rapidamente. Se na loja do Vaticano itens com a sua figura já eram imensamente menos numerosos do que os relacionados com João Paulo II, imagino como ficará ele agora, espremido entre dois papas bem mais carismáticos. A conferir.
Torço para que a Igreja Católica – que nunca foi santa – consiga se colocar novamente em papel de grande protagonista na vida dos brasileiros e dos humanos de outras nacionalidades (respeitando sempre as escolhas religiosas de todos os que não caíram na esparrela das seitas do momento).
Habemus Papam!