Nelson Piquet foi um grande (talvez o melhor) piloto brasileiro de todos os tempos na F-1. Além do seu conhecimento técnico e mecânico, que sempre lhe renderam alguma vantagem nas corridas, Piquet ainda tinha a qualidade de não ter papas na língua, de ser politicamente incorreto e de abusar da sinceridade. Depois de batalhas sensacionais com Allan Prost, Nigel Mansell e Ayrton Senna (sobre o qual fez a mais impressionante ultrapassagem de todos os tempos), Piquet, tricampeão como Senna, vale lembrar, voltou, depois de 25 anos, a se encontrar com o ex-companheiro de equipe e principal adversário em dois campeonatos, Nigel Mansell, ao qual chamou certa vez de “um idiota veloz“.
Piquet e Mansell foram reunidos para uma campanha publicitária de uma montadora de automóveis. O programa Linha de Chegada (do Sportv) fez uma excelente entrevista com a dupla, onde se mostraram mais amistosos, sem deixar de distribuírem farpas um ao outro. Tudo de maneira bem-humorada e civilizada.
Não vou revelar o conteúdo do programa – veja na grade do canal quando haverá uma reprise -, mas apenas dizer que é muito bom relembrar os tempos nos quais os pilotos faziam a diferença e as brincadeiras; sacanagens eram mais genuínas e as rivalidades verdadeiras e duradouras.
A metralhadora de Piquet não para nunca e nem se preocupa com as vítimas. Perguntado se quem foi melhor, ele ou Senna, a resposta é seca: “bem, eu estou vivo“. As muitas sacaneadas em Mansell também renderam uma resposta afiada do inglês, que em certo momento diz: “O problema do Nelson é que ele sempre teve o cérebro na bunda“. Fora do contexto podem parecer declarações duras e pouco polidas, mas o clima amistoso (com direito a aperto de mão, aparentemente sincero), deixa de lado essa possibilidade.
Quem pôde ver essa geração nas pistas, sofre com a safra atual de pilotos.