Se a rainha do pop britânico é hoje Adele, o trono e o cargo de rei estão em aberto. O ex-detentor do título, o ex-bad boy e hoje pai de família, Robbie Williams, tenta recuperar o posto com o lançamento do CD Take the Crown (Universal). O disco, cheio de referências musicais ao ex-grupo, o Take That, assim como backing vocals inspirados no Coldplay e uma produção que remete ao U2 – trabalho assinado por Jacknife Lee. O que pode parecer uma grande salada é na verdade um belo disco pop, com alguma pegada rock.
Se não é criativamente o mais original dos trabalhos de Williams, Take the Crown serve como veículo para que o britânico reencontre o topo das paradas. O single Candy (escrito com o parceiro do Take That, Gary Barlow) foi sucesso na Inglaterra e tem charme e balanço suficientes para seduzir os programadores e ouvintes das FMs do planeta. Enquanto as letras mostram um artista autopenitente, que se arrepende do seu passado de bad boy e deixa parecer que não se preocupa em voltar a ser o número 1, o clima pop e a decisão (consciente ou não) de resgatar a sonoridade vitoriosa do Take That – com quem gravou o álbum Progress, em 2010 -, dão a entender que Robbie se esforçou para voltar a ter o destaque alcançado em um passado não tão distante.
No balanço final, Take the Crown, apesar de ficar longe do melhor de Robbie Williams, é um disco pop de qualidade, com canções que vão relembrar vários trabalhos anteriores de Williams, Take That e mais alguns contemporâneos do artista. Uma saraivada de tiros em várias direções, que, vez ou outra, acerta os alvos.
Esse texto também foi publicado no jornal O Fluminense