Mark Knopfler lança CD duplo e se distancia do passado

É preciso coragem (e cacife) para, mesmo com a tão comentada crise na indústria fonográfica, um artista se arriscar a lançar um CD duplo. Esse é o caso de Mark Knopfler com Privateering (Universal), onde enfileira 20 novas canções, sem se preocupar em se aproximar da sonoridade do Dire Straits, grupo que liderou entre 1977 e 1995.

Alguns elementos sempre estarão e serão comuns ao Dire Straits e a qualquer trabalho lançado por Knopfler, como sua técnica peculiar de tocar e sua voz, que em alguns momentos lembra Bob Dylan, em outros John Lee Hooker e, na maioria das vezes, Mark Knopfler.

As inspiradas melodias passam por baladas com tempero celta, canções folk, temas com pegada mais pop, clima country e vários blues. O repertório mantém a linha dos vários e variados trabalhos solo do guitarrista escocês, que vem se mantendo na ativa, sempre com bons resultados nas paradas britânicas, embora sem o mesmo impacto nos Estados Unidos e em várias outras partes do mundo.

Entre os destaques estão faixas como Don’t Forget Your Hat, Radio City Serenade, Redbud Tree e I Used to Could, onde o talento de Knopfler como compositor, intérprete e instrumentista fica evidente.

Bom saber que ainda há artistas em condições de apresentar uma seleção de canções tão extensa e de tanta qualidade quanto ele.


Esse texto também foi publicado no jornal O Fluminense

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