Caravana Sereia Bloom (Universal), terceiro álbum da cantora e compositora paulista Céu, leva os ouvintes a percorrerem com ela alguns novos caminhos, sem perder de vista o som produzido em trabalhos anteriores.
Com toques pop que em alguns momentos lembra a fase jovem guarda de Roberto Carlos, como na faixa de abertura, Falta de Ar, na verdade, é difícil rotular a música de Céu, que desde o disco de estreia (CéU – 2005) flerta com influências distintas como reggae e eletrônica.
A Céu de 2012 fala de desilusões, alegrias e sonhos, mistura o samba de Nelson Cavaquinho (Palhaço) com pitadas de valsa e o rock/pop. A cantora continua interessante, enquanto a compositora mostra-se mais madura – um bom exemplo é a ótima Asfalto e Sal – e a artista bem mais esperta. Esperta o suficiente para fazer com que Caravana Sereia Bloom seja do tamanho certo na boa tradição dos antigos discos de vinil (sua audição dura menos de 40 minutos), fazendo com que o trabalho soe mais coeso e as canções mais amarradas ao universo sonoro criado pelo produtor Gui Amabis. O repertório, que permite até a regravação de um reggae em inglês – You Won’t Regret it – parece ter sido escolhido com a finalidade de mostrar a versatilidade de Céu, sem deixar o seu fã perdido em meio a um material totalmente distante do seu habitat natural.
Se a artista já não é a menina que surgiu prometendo se transformar em furação no início dos anos 2000 – agora tem marido e uma filha de 3 anos – ela se consolida como mais uma grande intérprete de um cenário musical que não cansa de produzir cantoras. Caravana Sereia Bloom pode ser considerado seu melhor e mais consistente trabalho. Um disco que serve para confirmar o talento pop de uma linda sereia da MPB.
Texto publicado originalmente no jornal O Fluminense