Como deveria ser ruim viver em um lugar violento assim.
O texto abaixo foi publicado no jornal O Globo.
Um novo livro sobre o pintor holandês Vincent Van Gogh coloca dúvidas sobre a crença popular de que ele teria atirado contra o próprio peito em um campo na França. As informações são do jornal britânico “The Telegraph”.
“Van Gogh: The Life”, de Steven Naifeh e Gregory White Smith, sugere que a causa mais provável da morte do pintor teria sido pelas mãos de uma outra pessoa, que seria um garoto local.
A nova teoria contradiz a versão estabelecida do acontecimento, que afirma que Van Gogh, que tinha 37 anos, atirou contra si mesmo no meio de um campo, cambaleando por mais de um quilômetro até a estalagem em que estava hospedado em 1890. Antes de morrer, 30 horas depois, ele foi perguntado se tinha tido a intenção de cometer suicídio, e ele respondeu:: “Acredito que sim”.
Mas isso não explica porque o cavalete e os pincéis que ele levou consigo naquele dia, além da arma utilizada, nunca foram encontrados, ou mesmo um bilhete de suicídio.
O livro questiona se o artista, que passou um tempo internado num asilo psiquiátrico, poderia ter adquirido uma arma.
Os autores do livro acreditam que o tiro fatal tenha sido disparado por um garoto de 16 anos chamado René Secretan, que estava passando o verão em uma vila próxima e cujo complexo relacionamento com Van Gogh incluía comprar bebidas para ele e provocá-lo.
Os escritores alegam que Van Gogh não acusou o garoto de ter atirado contra ele porque estaria conformado com a morte e não queria que o adolescente fosse punido.
Mas especialistas do Museu Van Gogh dizem que não estão convencidos pela teoria. Leo Jansen, curador do museu e editor das cartas de Van Gogh, disse que a biografia é um “ótimo livro”. Mas afirmou que “ainda não pode concordar” com as conclusões dos autores sobre a morte do pintor.