Poucas coisas são tão gostosas quanto trabalhar em uma campanha política. A possibilidade de ir para a rua todos os dias, conhecer lugares novos (alguns que depois faremos força para esquecer), ver os coleguinhas e amigos, ter que inventar um assunto diferente a cada momento, tudo é muito gostoso, apesar de cansativo.
Entretanto, o jogo político feito por alguns comentaristas e empresas é de enojar. É quase impossível não vomitar quando ouvimos alguém dizer que fulano mudou e melhorou tudo ou que beltrano não fez nada. Deu sorte de pegar uma herança bendita e não afundou tudo apesar de sua tremenda incompetência.
Pior (de envergonhar) é ver empresas divulgando opiniões descaradas, fazendo campanha sem pudor para A ou B, na maioria das vezes motivados por razões bem diferentes do bem-estar. Podem ser motivações econômicas, pessoais ou de qualquer outra espécie. O enjoo é o mesmo.
Triste ver coleguinhas se rendendo a certas imposições sem ao menos uma pequena discussão, indagação, contestação. Também, o que esperar de um bando de profissionais que estão sendo moldados, que galgaram seus postos por não terem vícios e significarem mentes novas?
Mais que nunca é preciso cuidado com o que lemos, ouvimos e vemos. Há que se observar os interesses por trás de cada vírgula, de cada entonação. Caso contrário, qualquer idiota pode dizer, por exemplo, que o maior legado recebido pelo José Serra foram as privatizações, ou que a Dilma é uma pessoa capacitada, preparada e com tato para ser presidente.
Estou naquele time que vê o programa eleitoral do José Serra e fica com a certeza de que é melhor votar na Dilma. O problema é que quando vejo o programa da Dilma tenho certeza de que o melhor é votar no Serra. E, quando leio certas coisas, vejo certas manchetes, fico com vontade de me esconder embaixo de um cobertor e dizer que sou advogado.