Algum tempo atrás escrevi que Trabalhamos em empregos que odiamos para comprar porcarias de que não precisamos, ressaltando que me sentia com sorte de trabalhar no que gosto para comprar as porcarias de que gosto e não preciso. Sempre observo o rosto das pessoas, principalmente aquelas que trabalham com o público, e fico cada vez mais estarrecido com a falta de prazer das pessoas.
Não importa se é em uma loja, consultório médico ou meio de transporte, é clara a insatisfação das pessoas com o que fazem. E nem creio que seja apenas uma questão de remuneração, pois poucas profissões são tão mal pagas quanto os jornalistas e continuamos lá rindo, se divertindo e transpirando o pão nosso de cada dia.
Recentemente dois episódios passados dentro de lojas de fast food me deixaram preocupado. No Subway, especializado em sandubas sem fritura e onde você escolhe os ingredientes da sua refeição, um atendente quase surtou com uma mulher que teve a péssima idéia de olhar os ingredientes e o menu antes de fazer o pedido. Foram quatro Já escolheu? Qual o pão? Vai fazer seu pedido agora? Que deixou a cliente constrangida. Detalhe: não havia ninguém mais para ser atendido depois dela!
E o que falar do McDonald’s? A empresa que já foi modelo em quase tudo e rendeu livro e estudos em faculdades – inclusive a minha – e se notabilizou pelos bons negócios imobiliários, sanduíches de gosto igual em qualquer lugar do mundo e pelo sorriso dos seus funcionários também sobre com o mau-humor.
Outro dia pedi um lanche em uma das inúmeras lojas espalhadas pelo Rio e pedi um catchup extra. Coisa básica e simples. Bem, após jogar os itens do pedido na bandeja (jogar, literalmente) o rapaz esqueceu de colocar e quando lembrei veio a surpresa, um olhar que misturava fúria e desaprovação e a frase: Ninguém come catchup com esse sanduíche.
Agora os funcionários criticam os gostos dos clientes? Têm o direito de ficarem magoados por serem lembrados de um esquecimento? Pelo jeito foi o tempo no qual a Universidade do Hambúrguer era símbolo de competência e bons serviços.
Deve mesmo estar na hora das pessoas procurarem sua felicidade.
Também havia dito (no texto original) que inferno é falta de emprego…. e como tem gente que merece conhecer o inferno.