Johnny Depp fazendo um papel quase normal e Christian Bale atuando e falando sem os trejeitos e sussurros do Batman e a bela Marion Cotillard dando mais um show de talento. Assim é o bom, mas um pouco longo, Inimigos Públicos.
Baseado na história do gângster John Herbert Dillinger, que acabou se tornando o inimigo público número 1 dos Estados Unidos e foi usado como desculpa para a criação do FBI, o diretor
Michael Mann (Colateral e Dragão Vermelho) procurou criar um filme onde o personagem – pouco conhecido no Brasil, mas que é quase uma lenda nos EUA – de Depp (Dillinger) e o do seu perseguidor Bale (Melvin Purvis) dividem qualidades e defeitos quase na mesma proporção.
Passado no fim dos anos 30, quando a economia do país estava um cão, o desemprego e a pobreza em alta e o crime sem controle – qualquer semelhança com os dias de hoje pode não ser mera coincidência – o filme lembra um pouco Bonnie e Clyde, misturado com Golpe de Mestre e alguns outros onde o bem e o mal não conseguem atingir lados opostos o suficiente para serem distinguidos.
Uma boa trilha musical e um ritmo menos alucinante que os filmes de aventura modernos prendem a atenção até mesmo nos momentos nos quais alguns minutos cortados na edição fariam bem ao resultado final.
Para variar, Johnny Depp tem uma atuação de gala, daquelas que nos fazem lembrar que nem só de piratas ou donos de fábricas de chocolate reside o seu talento. Christian Bale, outro nome em destaque, ressurge segurando bem o perseguidor de Depp. Seu policial anda sempre na corda bamba do excesso de força e métodos pouco elogiáveis, mas funciona de maneira harmoniosa com o Dillinger Depp.
Claro que os estereótipos estão lá: O policial corrupto, o bandido sádico e que adora atirar, a prostituta traidora e outros. Tudo na medida certa.
Talvez o maior pecado do filme seja mesmo a duração (2h20). Parece que os cineastas não acreditam mais que filmes entrem para a posteridade com o consagrado tempo de 2h.