Volta e meia um filme me faz lembrar que filmes foram feitos para serem vistos nos cinemas. Infelizmente as grandes e imponentes salas de rua acabaram e ficamos com as novas, modernas – e que não permitem mais ver várias sessões pagando apenas um ingresso – salas de shopping.
Mesmo com o crescente número de títulos que são lançados diretamente em DVD, não há como negar que o escurinho do cinema faz esquecer racionalidades e modos clássicos de comportamento. São obras que, olhando com a perspectiva correta, podem agradar e fazer a mente voar, sejam elas comédias, romances, dramas, filmes de aventura, ficção científica ou um simples documentário curta-metragem. É impressionante a quantidade de sonhos e idéias que pode caber no espaço de um fotograma de cinema.
Alguns dizem só se considerar o cinema sério como forma de arte. Besteirol, comédia romântica, super heróis? Tudo isso seria bobagem. Pobre da alma que não sabe ser levada por uma boa história, uma piada fácil, uma bela fotografia ou por bons atores, mesmo quando a direção não presta, a música é sofrível ou a edição é capenga.
Dois mil e oito não foi um ano ruim. o cinema continuou sua vocação de brincar de falsear a realidade, com destaque para Batman – O Cavaleiro das Trevas e Homem de Ferro; mostrou que ainda há fôlego em uma mente genial (Woody Allen e seu Vicky Cristina Barcelona); Brindou crianças e adultos com bons desenhos (Wall-E e Madagascar 2); e manteve a boa escalada de recuperação do cinema nacional com Meu nome não é Johnny.
O cinema cria heróis maiores que a vida e cria mitos. Will Smith mostrou que quer alcançar esses status. Primeiro foi Hancock, o super herói antipático e beberrão, e agora chega com Sete Vidas. O filme vem sendo criticado por ser feito para arrancar lágrimas da platéia. Bem, arranca mesmo! São 2h02 de uma história que até pode ser desvendada antes do seu fim, mas que prende e não deixa dúvidas que o rapaz com orelhas de abano aprendeu a dominar todos os aspectos da arte de atuar.
Não é todo dia que um Fellini cai bem, assim como nem todo dia é propício para um besteirol. Como dizia Hitchcock (meu diretor preferido): “Alguns filmes são como pedaços da vida, os meus são como pedaços de bolo“.