O esvaziamento econômico do Rio de Janeiro continua impactando o setor aeroviário da cidade e do estado. Santos Dumont e Galeão ficam “sem rumo”
A notícia mais comentada do setor aeroviário nas últimas horas é o anuncio que a empresa Changi, que administra o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, vai devolver a concessão do terminal.
Porém, não é apenas isso que mantém o Rio de Janeiro grudado no solo, sem conseguir decolar.
Outra informação importante — talvez mais importante que a saída da Changi — é o adiamento do leilão do Aeroporto Santos Dumont, no centro da cidade.
O Santos Dumont, que seria leiloado ainda este ano, teve seu leilão transferido para o segundo semestre de 2023 quando, provavelmente, será negociado com o Galeão.
Esvaziamento e devolução
As razões da Changi para “devolver” o Galeão são econômicas.
A empresa, que desde 2014 investiu R$ 2,6 bilhões no aeroporto, inclusive construindo um novo terminal, afirma que o movimento de passageiros nunca atingiu os níveis esperados e que a pandemia agravou o panorama.
São, segundo a empresa, R$ 7,5 bilhões de prejuízo na administração do Galeão.
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Esse déficit, ainda segundo a Changi, tentou ser negociado com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que não aceitou abater esse valor das parcelas que deveriam ser pagas pela concessão.
Para piorar, o Rio de Janeiro vem perdendo cada vez mais espaço no setor aeroviário, com várias empresas deixando de usar a cidade como ponto de partida ou destino.
Leilão adiado para 2023
Mas, como diz o ditado, “não há nada ruim demais que não possa piorar”.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, informou que a nova licitação do Galeão será feita juntamente com a do Santos Dumont.
Porém, para isso acontecer, o leilão vai mudar de data.
— Já não faz mais sentido caminhar com Santos Dumont de forma isolada na 7ª rodada. Nós vamos estudar os dois aeroportos juntos. Nós vamos avaliar a concessão de Galeão e Santos Dumont em conjunto. Isso é uma resposta à preocupação do setor produtivo e do governo do Rio de Janeiro Vamos considerar o terminal Rio andando em conjunto — disse o ministro, em entrevista coletiva.
Esse novo leilão conjunto está previsto para ocorrer no segundo semestre de 2023 na 8ª Rodada de Licitações de aeroportos.
O Santos Dumont estava incluído na 7ª Rodada (junto com Congonhas), que ocorrerá este ano.
Como será o leilão dos aeroportos do Rio?
Bem, ninguém sabe quais serão os critérios e exigências que estarão contidas nesse novo leilão dos aeroportos do Rio de Janeiro.
O modelo do leilão do Santos Dumont estava sendo estudado por um grupo de trabalho com participantes do Ministério da Infraestrutura e integrantes do governo do estado do Rio e da prefeitura da capital fluminense. Porém, agora, este grupo foi encerrado.
O Governo Federal espera que a mesma empresa administre os dois terminais, mas há muitas dúvidas se haverá um número razoável de empresas interessadas no negócio, principalmente por conta da incerteza sobre o valor que será pedido.
— Vamos fazer uma modelagem muito centrada na realidade. Um modelo ótimo — afirmou Tarcísio Freitas.
Enquanto isso, a Changi continuará prestando os serviços do Galeão.