Os defensores dos programas sociais como forma de inclusão da população mais pobre precisam refletir sobre o efeito deles na sociedade brasileira. Não há dúvidas de que a criação de mecanismos como o Bolsa Família beneficiou milhões de brasileiros, mas também criou novos e cruéis currais eleitorais que servem para perpetuar a pobreza e eternizar a eleição de políticos que fazem do quanto pior, melhor a sua plataforma eleitoral.
Um levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) mostra que os beneficiários do Bolsa Família representam mais de um terço da população de 11 Estados brasileiros das regiões Norte e Nordeste. Se levarmos em conta que para fazer parte do programa é necessário ter a renda mensal por pessoa da família de até R$ 185, a situação é de calamidade. Os valores repassados aos inscritos varia entre R$ 39 e R$ 372 (pouco, diga-se), mas representam mais de 6% do PIB local para 579 municípios (muito).
O que se vê é uma manutenção (se não crescimento) do número de pessoas pobres e de pessoas inscritas nesse programa, quando o ideal era que o número de beneficiários diminuísse muito e rápido. O problema é complexo, já que engloba vários aspectos da nossa sociedade (educação, segurança, emprego, etc), mas exige que nós (eleitores) tomemos consciência de que (gostemos ou não) será através da política e dos políticos que poderemos mudar essa situação.
Não adianta eleger extremistas de direita, com pensamentos que podem trazer de volta alguns dos piores pensamentos já existentes no País, nem retrógrados de esquerda que acham que o assistencialismo é a solução para tudo. Sinto náuseas sempre que ouço expressões como “os prédios precisam cumprir a sua função social”. Não posso acreditar que pessoas inteligentes sigam por esse caminho.
Voltando ao Bolsa Família, sua importância é comprovada quando sabemos que 48% da população do Maranhão recebe algum valor vindo dele, seguido por Piauí e Acre, estados entre os mais pobres do Brasil.
Entre 2000 e 2010, a taxa média de crescimento no IDH municipal das cidades brasileiras foi de 26%. Nas cidades onde os beneficiários representam menos de metade da população local, o número foi de 22%. Nos municípios em que os beneficiários são mais da metade, a taxa é de 43%. Dentre as cidades onde mais de dois terços vivem do programa, a taxa atinge 58%.
Os números do parágrafo acima são de deixar qualquer um de boca aberta e mostram (mais uma vez) a falência do nosso sistema republicano atual – não que seja preciso mudar o sistema político brasileiro, mas sim, mudar os políticos brasileiros.
É triste saber que há famílias que só conseguem comprar pão por causa do dinheiro do Bolsa Família, mas realmente espero que possa ver o país se livrar dessa necessidade antes de morrer. Sei que a tarefa é difícil, mas espero que as eleições deste ano possam iniciar esse processo.
Fonte: Blog Televendas & Cobrança