Futuro nebuloso para o brasileiro!
A desaceleração da economia nacional chegou até o mercado de trabalho. A taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,1% no trimestre encerrado em maio de 2015, conforme aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Parece que houve uma parada súbita do mercado de trabalho”, afirma o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE) Rodrigo Leandro de Moura. O resultado superou tanto a taxa de 7,0% observada no mesmo período do ano passado, quanto a de 7,4% referente ao trimestre de dezembro a fevereiro de 2015.
Para o especialista, dois fatores são responsáveis pelos resultados da pesquisa. “Primeiro, porque as empresas não estão absorvendo tanto a mão-de-obra e, segundo, porque há cada vez mais pessoas entrando no mercado de trabalho sem conseguir emprego”, explica Moura. A desaceleração do indicador referente à população ocupada, que, segundo a PNAD, registrou um aumento de apenas 0,3%, caracteriza, portanto, uma estagnação com relação ao mesmo trimestre de 2014. Por outro lado, o indicador que mede a variação da população desocupada atingiu 18,4%. Dessa forma, há, aproximadamente, 8,2 milhões de brasileiros sem trabalho. Se comparado ao mesmo período do ano passado, cerca de 1,3 milhão de pessoas perderam seus empregos. “O nível de emprego não cresce mais e não é um problema de qualificação. O desemprego parece que está afetando todos os grupos educacionais, dos menos aos mais qualificados”, completa o pesquisador. Quanto ao aumento do fluxo de pessoas compondo a População Economicamente Ativa (PEA), Moura enxerga como um reflexo das condições financeiras na família. “Enquanto a economia não voltar a crescer, o mercado de trabalho vai continuar desaquecendo”, salienta.
A PNAD Contínua mostra, ainda, uma pequena variação negativa da renda do trabalho, permanecendo, praticamente, estável. “Isso é reflexo não somente do fato de que as empresas estão concedendo menos reajustes aos trabalhadores, mas também porque a inflação está aumentando, ou seja, os consumidores estão perdendo poder de compra”, justifica Moura. Ainda que, no geral, a renda tenha se mantido estável, a pesquisa mostra outra realidade para os trabalhadores por conta própria, cujo rendimento real apresentou recuo de 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, a pesquisa indica que a ocupação desses trabalhadores aumentou 4,4% no último ano. “O mercado tem tentado forçar uma flexibilização maior das relações trabalhistas. Isso envolve contratar mais trabalhadores por conta própria ou através de PJ. O emprego formal está diminuindo porque pararam, praticamente, as contratações”, conclui o pesquisador.
Fonte: Agência IN