Como vocês sabem, eu SOU muito brasileiro nessas horas!
Os brasileiros estão mais endividados, mas nem por isso deixam de pagar suas contas. De acordo com a “Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras”, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 62,5% das famílias estão endividadas, um crescimento de 6,39% entre 2010 e 2011. O número significa que, somente nas capitais, 525 mil famílias contraíram dívidas.
Na capitais, o volume da dívida também aumentou, e muito, 11,57%. Em 2010, as famílias deviam R$ 145,1 bilhões e agora este montante é de R$ 161,9 bilhões, ou R$ 13,5 bilhões por mês. Por outro lado, o rendimento das famílias endividadas cresceu 11,7%, saltando de R$ 491,5 bilhões para R$ 549,2 bilhões, ou R$ 45,8 bilhões por mês. O que permitiu ao brasileiro aumentar a dívida sem ampliar a parcela da renda comprometida com esta. Ao contrário, houve uma ligeira redução neste quesito. O recuo foi de somente 0,04 ponto porcentual (p.p.) – o que pode ser, a rigor, considerado como estabilidade na relação dívida/renda -, mas demonstra que as famílias estão aprendendo a administrar melhor sua renda.
Prova disto é que a relação dívida/renda é de 29,5%, enquanto os economistas mais conservadores afirmam que é saudável ter até um terço da renda comprometida com dívidas. Outros resultados positivos detectados pela FecomercioSP foram a redução de 2 p.p. no número de famílias inadimplentes, que hoje representam somente 22,9% do total, e a retração de 0,9 p.p. no total de famílias que afirmam não ter condições de pagar total ou parcialmente suas dívidas, que hoje são 8% da população.
O destaque negativo foi o aumento de 2,4 p.p. na taxa de juros – que também pode ser encarada como o preço do crédito – na média nacional computada pelo Banco Central (BC), que custou às famílias um desembolso adicional de R$ 42,3 bilhões no ano. No total, foram R$ 183,5 bilhões gastos com juros, somente nas capitais brasileiras. Montante poderia ter ampliado o consumo das famílias e, consequentemente, alimentado à cadeia produtiva, estimulado a geração de emprego e renda e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
A “Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras” indica que a capital que apresentou o maior aumento na quantidade de famílias endividadas foi Florianópolis, que tem 119.271 (88,8%) de suas 134.271 famílias nesta situação. Em relação ao ano anterior, houve um aumento de 45,6% no total de famílias endividadas. Contudo, Florianópolis não é a capital que tem a maior proporção de famílias endividadas. Este título cabe a Curitiba, que tem 526.704 (90,3%) de suas 583.453 famílias endividadas. Um impulso de 42,4% em relação a 2010, quando havia 369.761 famílias endividadas.
O avanço do nível de endividados no Sul, segundo a Assessoria Técnica da FecomercioSP, não preocupa. Trata-se, na verdade, de um movimento natural. Acontece que a região possui renda mais elevada do que a média do País e, portanto, tem mais capacidade de se endividar. O que atraiu as instituições financeiras com crédito disponível para ofertar.
Se considerados os números absolutos, São Paulo é a capital com maior quantidade de famílias endividadas. Das 3.580.341 famílias na capital paulista, 1.667.227 (47%) têm dívidas. Apesar da quantidade expressiva, a capital paulista viu o total de endividados recuar 0,27%, o que corresponde a pouco mais de 4,5 mil famílias. Número dentro da margem de erro.
Aracajú foi a capital em que o total de famílias endividadas apresentou maior recuo. Em 2010, 131.362 famílias se encontravam nessa situação, mas em 2011, o número caiu para 116.764. Uma queda de 11,1%. Já em números absolutos, Salvador foi a capital em que mais famílias quitaram suas dívidas. Das 631.683 famílias da capital baiana que tinham dívidas em 2010, 58.354 saldaram seus débitos. O que representou uma redução de 9,24% no total de endividados. No total, 75,8% das famílias de Aracaju e 66,2% das de Salvador estão endividadas. A FecomercioSP explica que, ao contrário do Sul, as famílias do Nordeste têm renda mensal abaixo da média nacional e, assim, menos capacidade de se endividar, ao menos na visão do setor financeiro.
Fonte: Agência IN