O cinema brasileiro vive, revive, renasce e produz em ciclos, estéticos e temáticos. Depois das chanchadas, dos pornôs enrustidos, dos filmes de época e dos rodados em favelas, chegamos ao momento dos documentários sobre músicos e artistas.
Wilson Simonal, Chacrinha, Cartola e Arnaldo Batista são alguns dos artistas que viraram
tema de documentários. Alguns com resultados mais interessantes que outros. Agora é a vez deCaetano Veloso chegar às telonas com Coração Vagabundo, que estréia nesta sexta (24/7).
O filme não tem por objetivo explicar Caetano, ou mesmo ser um diário do artista em suas viagens pelo mundo. Com passagens por Japão, Estados Unidos e outros países – com cenas do já
longínquo ano de 2003.
Nos pouco mais de 60 minutos de projeção, Coração Vagabundo mostra os já conhecidos e difíceis entroncamentos de raciocínio que guiam as declarações do baiano, que continua tentando passar um ar despojado e popular, mesmo quando cita Michelangelo Antonioni ou Bob Dylan.
Pop em tudo, menos na comida
O documentário mostra muito do Caetano de hoje. A sonoridade é praticamente a mesma deCê e Zii e Zie, assim como a atração por polêmicas (desta vez com Hermeto Pascoal) e a incansável tendência para a oratória (até mesmo quando precisa ficar calado o baiano fala pelos cotovelos). 🙂
Alguns pontos altos são os depoimentos dePedro Almodóvar e David Byrne, que mostram sua admiração pela música caetanesca. Entretanto, algumas declarações elogiosas e cenas são dispensáveis, como a primeira cena do filme, onde Caetano aparece nu, por centésimos de segundo.
entra em cartaz e, sem dúvida, terá seu lugar na história assegurado, apesar de ficar longe de uma obra prima ou definitiva.