Até a próxima, Sir Paul McCartney

Ex-beatle termina turnê brasileira com show impecável em Curitiba. Paul continua sabendo seduzir seu público

A nona passagem de Paul McCartney pelo Brasil — 1990, 1993, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2017 e 2019 — não podia ter terminado de maneira melhor. O show do ex-beatle no estádio Couto Pereira, em Curitiba, em 30 de março, foi um dos melhores já apresentados pelo Sir em território nacional.

Leia sobre outras apresentações de Paul no Brasil - Goiânia, Recife e Rio de Janeiro 

Aos 76 anos e com várias décadas de experiência sobre os ombros, há pouco espaço para surpresas e novidades, mas a Disneylândia musical do mais ativo dos Beatles ainda emociona (e muito) os novos e até os fãs que já conhecem seus shows.

Paul in Curitiba - Lucas Sarzi/Tribuna do Paraná

Paul – Back in Brazil

Muitos não sabem, mas o Brasil é o terceiro país onde Paul mais se apresentou (atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão) e um dos poucos lugares do planeta a receberem uma composição especial — Back in Brazil, do seu último trabalho, Egypt Station.

E, claro, a música foi a grande surpresa de dois dos três shows dessa passagem no Brasil — Paul esqueceu da canção no segundo show de São Paulo (27/3). Mas o mais importante foram a empolgação e o prazer apresentados pelo cantor.

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Acertamos nas previsões

Não somos videntes, mas acertamos em praticamente tudo o que dissemos que aconteceria nos shows de Paul no Brasil (veja aqui).

Se as apresentações em São Paulo foram irregulares e com alguns problemas (os fogos e explosões que acontecem durante Live and Let Die falharam no dia 26, e não tivemos Back in Brazil no dia 27), a apresentação de Curitiba foi uma outra história.

Show para não esquecer 

Dizer que um show foi sensacional pode parecer lugar comum. Mas quando já se assistiu a mais de duas dezenas de apresentações (em vários países), fica fácil diferenciar uma noite boa de uma excepcional (não existe a possibilidade de um show ruim de Paul McCartney).

Desde os primeiros acordes de A Hard Day’s Night até a última nota de The End, Paul esbanjou simpatia, gírias e frases em português, e pareceu se energizar com a receptividade de uma plateia que, na sua maioria, não via o astro desde 1993.

Se Paul já tinha ficado feliz com os cartazes de Na Na em São Paulo — que ao contrário do que aconteceu no Rio de Janeiro (2011), quando o público espontaneamente os criou para acompanhar a canção Hey Jude, foram distribuídos por um dos patrocinadores do evento —, em Curitiba o efeito foi ainda mais forte e bonito.

Poucas vezes Paul pareceu tão feliz com a reação de um plateia como em Curitiba. O beijo dado na câmera do telão ao fim da apresentação é uma prova inconteste da felicidade do astro.

Veja a íntegra do show no fim do post.

Muitas gírias

Paul sempre fala gírias e expressões locais, mas dessa vez caprichou. Pios, gurias, suave na nave, tamo junto, demorei para baixar de novo, massa e valeu, foram algumas das tiradas de Macca em Curitiba.

O público pareceu reconhecer o esforço do músico inglês e interagia cada vez com mais entusiasmo a cada frase dita por Paul. Até as falas em inglês foram saudades com muitos gritos.

 

Plateias quentes

Paul já sabe que as plateias brasileiras são quentes. Desde o recorde mundial de público no Maracanã (184 mil pagantes), passando pelos balões brancos de Give Peace a Chance, os cartazes em Hey Jude ou as máscaras com as caras dos membros da banda, sempre há surpresas e muita animação.

Não é incomum ele dizer que não precisa pedir para ninguém cantar com ele, como acontece lá fora. Aqui, o público se esgoela da primeira à última canção.

Paul in Rio - 1990
Recorde de 184 mil pessoas no Maracanã (21 de abril de 1990)

 

Subindo muitos andares

O novo visual da turnê começa pelas imagens mostradas no telão. Agora, em vez de uma colagem de imagens e canções de Paul e dos Beatles, há uma montagem cronológica mostrando a história de Macca em casas e prédios que vão subindo de acordo com o passar do tempo e o aumento do sucesso ou a chegada de tempos difíceis (como o início dos anos 1970).

A impressão é a de que Paul decidiu revisitar sua história e deixar claro que sabe a sua importância no passado, presente e futuro. As colagens de canções foram trocadas por músicas inteiras, o que deixou a experiência muito mais agradável.

Metais que brilham

Mas o grande diferencial da Freshen Up são os três rapazes do Hot City Horns. Durante décadas Paul utilizou os serviços e o talento do tecladista Wix para emular cordas e metais das suas canções.

Desde 1979 que Paul não tinha um naipe de metais em sua banda. E a inclusão do Hot City Horns mostra que eles fazem muita diferença. Canções como Letting Go, Got to Get You Into My Life e Let ‘Em In ganharam nova vida.

A aparição dos rapazes no meio da plateia em Letting Go também foi uma jogada de mestre. Eles dividem a atenção com o que acontece no palco e deixam um clima de cumplicidade com o público.

Paul, nunca mais desista dos metais. O custo de alguns músicos extras compensa demais.

Mais alguns anos de estrada

Quem viu e ouviu Paul em 2017 ficou preocupado com o estado da voz do astro, que insistia em cantar no tom original no qual havia composto seus sucessos. Bem, em 2019 Paul baixou o tom das canções e voltou a apresentar a boa e velha afinação, garantindo mais alguns anos de estrada (ainda bem).

Portanto, quando ele diz “até a próxima”, não devemos duvidar.

 

As canções de Paul em Curitiba

A Hard Day’s Night
Junior’s Farm
Can’t Buy Me Love
Letting Go
Who Cares
Got to Get You Into My Life
Come On to Me
Let Me Roll It
I’ve Got a Feeling
Let ‘Em In
My Valentine
Nineteen Hundred and Eighty-Five
Maybe I’m Amazed
I’ve Just Seen a Face
In Spite of All the Danger
From Me to You
Dance Tonight
Love Me Do
Blackbird
Here Today
Queenie Eye
Lady Madonna
Back in Brazil
Eleanor Rigby
Fuh You
Being for the Benefit of Mr. Kite!
Something
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Band on the Run
Back in the U.S.S.R.
Let It Be
Live and Let Die
Hey Jude

Bis:
Birthday
Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise)
Helter Skelter
Golden Slumbers

Fotos: Marcos Hermes/Divulgação, MJ Kin e Lucas Sarzi/Tribuna do Paraná

Vídeo de Back in Brazil – Jo Nunes

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