Classic Quadrophenia Live – NY, 10/09/17

O dia 10 de setembro de 2017 vai ficar marcado para sempre na minha vida (pessoal e profissional). Neste dia, Jo Nunes me proporcionou a oportunidade de ir até o Metropolitan Opera House de Nova York para assistir ao último dos artistas que faziam parte da minha lista obrigatória para ver antes de morrer: Pete Townshend. Era o último que faltava antes de (se quiser) me aposentar da vida de concertos musicais.

Já tendo assistido gente como Les Paul (o inventor da guitarra), Eric Clapton (uma meia dúzia de vezes), Elton John (outra meia dúzia de vezes), Paul McCartney (umas duas dezenas de vezes), Steve Winwood, Brian Wilson, Police, Roger Waters, Sting, Rolling Stones, John Mayall, Supertramp, Tears for Fears, Oasis, Bob Dylan, Paul Simon, James Taylor, Albert King, Dr. John, B. B. King, Robert Cray, Buddy Guy, Johnny Rivers, Johnny Winter, Bajofondo, Gothan Project, Roger Hodgson, Ron Carter, T.M. Stevens, Coco Montoya, Jethro Tull, Van Halen, Ringo Starr, Micky Dolenz, Bruce Springsteen, Yes, Chuck Berry, Al Jarreou, Madonna, U2, Dione Warwick, Rod Stewart, Cindy Lauper, Pearl Jam, Kiss, Jeff Healey, Al Di Meola, José Feliciano, Iron Maiden, Scorpions, Steve Wonder, Air Suply e, sem modéstia, muitos outros, ficava faltando apenas Pete Townshend para completar a minha lista antes da aposentadoria. E falo de Pete e não necessariamente do The Who.

Admito que tinha poucas esperanças em conseguir estar na plateia de um show do guitarrista até que o empresário da banda deu uma entrevista para uma das rádios da BBC (em meados de 2017) informando que a banda iria tocar na América do Sul. Isso, em conjunto com o anúncio de Townshend que iria se afastar por um ano de qualquer atividade musical, deixou o comparecimento a um show do Who obrigatório. Porém, antes disso, uma viagem para Nova York – essa história ainda vai ser contada em uma série de posts – iria proporcionar uma experiência única: assistir Pete Townshend participando da versão sinfônica do disco/ópera rock, com direito as participações de Billy Idol, Alfie Boe, uma orquestra de 90 músicos, um coro de 40 vozes, além de uma banda de rock. O presente, proporcionado pela minha noiva Jo Nunes nunca vai sair da minha memória, mesmo que não tenha conseguido ver boa parte do espetáculo por conta da enorme e absurda quantidade de lágrimas derramadas (ainda bem que tudo foi filmado e gravado).

A expectativa

Quem ouviu a versão de estúdio do Classic Quadrophenia não teria grandes expectativas sobre o show. As canções são ótimas, mas perderam muito da sua força. Já o vídeo da apresentação no Royal Albert Hall é bem melhor, mas não faz jus ao que foi apresentado ao vivo em NY e, provavelmente no próprio RAH.

O show

Só entrar no Metropolitan Opera House – onde um mineiro nos atendeu na lojinha da casa de espetáculos – já foi uma emoção. Localizada no Lincoln Center, um dos locais de visita obrigatória em NY – onde existem escolas de teatro, dança, galeria de arte, etc – a casa estava tomada por um público bastante diferente dos de óperas. Eram pessoas com camisas do Who ou outras bandas e até algumas vestidas com ternos ou casacos elegantes, mas a maioria era mesmo de rockers.

O lugar é lindo e a acústica já podia ser conferida apenas pelo som das conversas da plateia e no momento da afinação dos instrumentos da orquestra. Dividido em dois atos, o show, que não deve ser mais apresentado, teve os arranjos criados por Rachel Fuller (atual mulher de Townshend). Pete, nesses shows em NY, participou como o pai, o avô e ainda tocou violão em canções como Drowned e I’m One. Alfie Boe, que cantou a maioria das músicas, fez um trabalho brilhante e em que nada lembrava Roger Daltrey (deixo claro que isso é um grande elogio), trazendo uma identidade própria para suas interpretações. Billy Idol (velho amigo de Townshend) também esteve ótimo, parecendo se divertir muito e sabendo de cor todas as letras (inclusive as partes de Boe e Townshend).

Ouvir uma orquestra de 90 peças e um coral de 40 vozes sempre vai ser uma experiência mágica. Ainda mais quando todos os participantes parecem estar se divertindo. Como já disse, não tive como ver muita coisa da primeira parte do show (apenas ouvi), mas a segunda parte (quando estava mais recomposto) mostrou que o ingresso (muito mais barato que assistir a gravação do DVD de um artista brasileiro) foi um dinheiro muito bem investido.

Os pontos altos? 5:15, Love, Reign O’er Me, The Real Me e todas as participações de Townshend.

Voltei par o hotel com os olhos inchados e a alma leve.

Obrigado, Jo. Nunca poderei retribuir o bastante.

PS: Quem puder deve assistir ao DVD.

 

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