Ho Ho Ho, já é Natal para o Deus da Guitarra

Eric Clapton lança disco de canções natalinas e dá um presentão para os fãs

Falar sobre um trabalho de Eric Clapton é tarefa que demanda cuidado e várias audições. Porém, tudo fica mais fácil quando o disco é bom.

É o caso de Happy Xmas, o disco com canções natalinas que o Slowhand lançou dia 12.

Depois de uma série de lançamentos irregulares — que vão desde os pouco inspirados e preguiçosos Clapton (2010) e I Still Do (2016), passando pelo razoável Old Sock (2013) e o ótimo The Breeze: An Appreciation of JJ Cale (2014) — o guitarrista surpreende com o excelente Happy Xmas.

Blues, reggae e country

Discos com canções natalinas são uma tradição na música pop. O difícil é se obter um resultado minimamente criativo.

Fazer com que clássicos como Have Yourself a Merry Little Christmas, White Christmas ou Silent Night soem novos é realmente um trabalho para um mestre.

Clapton conseguiu trazer essas canções para um universo onde reina. Blues, reggae, country e bons solos de guitarra fazem com que Happy Xmas seja um dos melhores discos de Clapton em décadas.

Os toques de blues que dão brilho a números como Christmas Tears, Lonesome Christmas, Merry Christmas Baby e White Christmas, mostram um Clapton em forma.

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O charme brejeiro de Christmas in My Hometown ou os toques doces das baladas For Love on Christmas Day — a única composição original do álbum — e Sentimental Moments, tornam o disco irresistível logo na primeira audição.

Há momentos acústicos e outros que lembram a atmosfera do 461 Ocean Boulevard, por exemplo. O Clapton de 2018 é mesmo uma simbiose dos vários mutantes que passaram pelo corpo do guitarrista durante todos esses anos.

Quase perfeito

Mas nem tudo são flores no Natal claptoniano. A canção mais badalada do álbum — Jingle Bells (In Memory of Avicii) — tira a chance de dar ao álbum a cotação máxima.

A versão techno do clássico natalino é pobre e fica totalmente fora do contexto delicadamente bluseiro do disco.

Pode ter sido uma homenagem genuína ao DJ morto este ano e provavelmente vai ter gente dizendo que é a melhor coisa do disco, mas o resultado não deveria fazer parte deste projeto.

Bem de saúde

Os relatos sobre os problemas de saúde de Clapton — alguns deles dados pelo próprio músico — ficam para trás ao ler sobre suas últimas apresentações e ao ouvir esse novo trabalho.

Único músico membro três vezes do Hall da Fama do Rock — como membro do Cream, dos Yardbirds e como artista solo — ele se cercou de um time de amigos/craques que não deixam nenhuma gravação com qualidade menor que perfeita.

Só os nomes de Jim Keltner e Doyle Bramhall II garantem um brilhoso selo de qualidade.

Canções extras e versão não muito deluxe

Happy Xmas é composto por 14 canções, mas há outras duas músicas — A Little Bit of Christmas Love e You Always Hurt The One You Love — que serão lançadas em um single especial no Record Store Day e que não foram incluídas nem mesmo na versão deluxe do álbum.

Essa versão deluxe é outra bola fora (ainda maior que Jingle Bells). Nada de demos, canções extras ou versões originais dos clássicos, mas você pode ser o feliz proprietário de uma árvore de Natal de metal e rascunhos do desenho da capa (feitos por Clapton).

Mais um Grammy?

Eric Clapton já abocanhou 18 prêmios Grammy. Com Happy Xmas, ele tem grande chances de conseguir mais um.

Cotação ****

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