Como e porque conservar um (bom) vinho – Parte I

  1. “Quanto mais velho melhor/Bom como um ótimo vinho de guarda”. Essas são algumas das inúmeras frases sobre vinhos, mas você sabe quais podem ser guardados e como conservá-los?

A primeira coisa que precisamos saber antes de guardar um vinho é que nem todo vinho serve para ser guardado por muito tempo. Há vinhos que precisam e devem ser bebidos ainda jovens e há os vinhos com potencial para serem degustados após anos. São os vinhos de guarda.

Como surgiu a ideia de guardar o vinho

A ideia de que um vinho mais velho é melhor remonta dos tempos da Bíblia. “Ninguém que bebeu do vinho velho, quer já do novo, porque diz: ‘O vinho velho é melhor’”, diz uma passagem do evangelho de São Lucas. Isso acontecia porque as técnicas de colheita e produção faziam com que os vinhos mais jovens tivessem seus taninos fortes e duros, tornando-os bastante difíceis de beber e exigindo um tempo para domar suas características.

Hoje, a maioria das vinícolas comercializam rótulos que são preparados para serem consumidos quase que imediatamente (um ou dois anos após sua produção), o que não quer dizer que não haja vinhos que evoluam com o tempo espalhados pelas prateleiras das lojas e supermercados pelo mundo. O problema é reconhecer quais vão evoluir e quais se tornarão apenas uma perda de tempo.

Vinhos mais velhos tendem a ter aromas e notas de trufas, café, couro e tabaco – aromas chamados de terciários e que são difíceis de encontrar em bebidas jovens. Esses aromas são geralmente explicados pela oxidação dos ácidos que, com outras alterações químicas, transformam o frutado em algo mais sofisticado. Mas como os aromas são desenvolvidos não importa muito, apenas os seus resultados.

A essa altura já ficou claro que não é qualquer rótulo de R$ 40 que vai se encaixar na categoria de vinho de guarda.

“O vinho melhora com a idade. Quanto mais velho fico, mais gosto dele”

Porque guardar um vinho

Conforme disse, alguns vinhos evoluem com o tempo. Embora alguns críticos como Robert Parker achem que o milagre da garrafa (aquele que diz que o vinho melhora com o tempo) é, na maioria das vezes uma perda de tempo e um caro exercício de futilidade, já que os processos modernos de produção diminuem a sua capacidade de evolução. Pode até ter um quê de lógica, mas é inegável que alguns rótulos ainda conseguem ficar mais suaves e revelar sabores e aromas distintos de quando eram jovens.

O que muda no vinho

Muita gente ainda tem um tosco preconceito quanto aos vinhos brancos, mas, apesar de serem em menor número, também é possível encontrar alguns que mereçam a guarda. Saiba o que realmente esperar da evolução de um vinho de guarda.

Brancos

Os vinhos brancos envelhecidos costumam adquirir cores mais escuras, puxando para o dourado. Não é muito comum, mas eles também podem apresentar sedimentos que vão se depositando no fundo da garrafa. Outra característica é a troca da acidez por sabores e aromas considerados mais evoluídos e suaves, como frutas secas, manteiga, mel, baunilha e tostados/defumados.

Tintos

Assim como os brancos, os tintos normalmente também ganham aromas e gostos mais suaves. Porém, diferentemente deles, sua cor fica mais clara e não mais escura. Os sedimentos são bem mais comuns de serem encontrados e há o desenvolvimento de aromas e sabores de trufas, madeira, frutos secos, mel, couro, carne crua, tostados, defumados, tabaco e café, entre outros.

Como reconhecer um vinho de guarda

Da mesma forma como há dicas simples para reconhecer um bom vinho na prateleira de um supermercado, também há dicas bem fáceis para reconhecer os vinhos que jamais precisarão ser guardados.

• Vinhos com rolhas de plástico ou de rosca
• Vinhos verdes
• Vinhos com garrafas de fundo chato
• Vinhos baratos


Normalmente as grandes vinícolas colocam no mercado os seus melhores vinhos após anos de maturação em barricas e na garrafa. Por isso, a experiência de provar um vinho de qualidade já pode ser bastante prazerosa sem que seja preciso nenhum tempo extra, mas alguns realmente merecem uma evolução maior, principalmente os clássicos.

Na próxima parte: quais os principais vinhos de guarda e como conservá-los

Leia também: As cidades que mais bebem vinho no mundo

3 Replies to “Como e porque conservar um (bom) vinho – Parte I”

    1. Se estivermos falando de vinhos para iniciantes, minhas sugestões são:

      . Espumande Demi-Sec (Casa Valduga é uma opção)

      . Um pinot noir leve (pode ser o da Miolo)

      . Um chardonay sem madeira (novamente, o da Miolo deve servir)

      Esses são bons para iniciar as pessoas.

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