Brasil perdeu oito jornais em 6 anos

jornaisxxOs empresários falam da crise no meio jornal faz tempo. Continuo achando que más administrações e lentidão na demora de mudar o rumo e procurar novas possibilidades de renda que venham se combinar com as formas tradicionais de manter os lucros são os principais problemas. Alguns veículos perderam o rumo, contrataram pessoas com experiências que em nada se encaixam na cultura dos jornais e, principalmente, permitiram mudanças que se mostraram altamente equivocadas e que, muitas vezes, foram desfeitas. O incrível é que algumas dessas pessoas ainda são consideradas gênios.

A dificuldade em entender os meios digitais ainda é grande e a equação que permite lucros com qualidade de informações e empregos parece ser difícil de encontrar. Infelizmente, enquanto a inércia continua, os títulos vão sumindo.

Não é de hoje que o fechamento de jornais ou o encerramento de versões impressas vêm sendo tema do noticiário especializado e alvo de discussões em cursos de comunicação. Porém, quando se lê a notícia do fechamento de um título toda essa obviedade ou previsibilidade acaba se transformando até mesmo em surpresa e certa indignação. Seja pelos empregos perdidos ou até mesmo pelo apego sentimental a um determinado título. Todos esses sentimentos vieram à tona novamente na noite desta terça-feira 14 com a notícia de que o Brasil Econômico vai encerrar suas atividades nesta semana. Conforme informação da diretoria do jornal aos funcionários, o título circula até a próxima sexta-feira 17. Cerca de 40 profissionais serão demitidos.

De propriedade do grupo Ejesa, empresa do grupo português Ongoing, o Brasil Econômico gerou boas expectativas quando foi lançado, em 2009. Naquele mesmo ano, um grande título de economia fechava as portas, a Gazeta Mercantil e abria espaço para o novo título. O jornal se saiu bem no início. Tinha ambições, formou uma equipe competente com profissionais que migraram de grandes redações, mas acabou sofrendo dos mesmos problemas de outros veículos: a conta não fechou. No ano de 2013, o jornal viveu uma forte reformulação com a mudança de sua sede de São Paulo para o Rio de Janeiro e o corte de dezenas de vagas.

Como justificativa, a Ejesa divulgou um comunicado na capa da edição desta quarta-feira, 15, informando sobre a descontinuidade do título. Como justificativa, a Ejesa declarou que “o impacto gerado pela forte desaceleração econômica, combinado a uma crescente retração nos investimentos publicitários, levou a esta decisão”. Ainda no comunicado, a Ejesa diz que o encerramento da operação impressa irá possibiltiar uma ampliação da versão digital do Brasil Econômico, mas não deu detalhes em relação a essa possível iniciativa. Internamente, de acordo com o apurado pela reportagem, a equipe toda do veículo foi dispensada e não há qualquer projeto claro de manter os funcionários para uma operação online.

Com o fim do Brasil Econômico, a lista de jornais relevantes fechados ou que perderam suas versões impressas nos últimos seis anos sobe para oito. Apesar do destaque para os mais relevantes, muitos outros jornais menores foram fechados no País neste período. De títulos icônicos como a Gazeta Mercantil aos regionais como O Sul e outros premiados como o Jornal da Tarde. Os desafios continuam para o meio impresso. De acordo com o Projeto Inter-Meios, a receita do meio jornal sofreu uma queda de 11,6%, na comparação 2013 com 2014. O mercado sabe que a situação continua difícil, mas sempre fica a torcida para que notícias sobre fechamentos de títulos não sejam manchetes constantes.

2009

 

Gazeta Mercantil
Gazeta Mercantil

Criado em 1920, o título foi uma referência para o jornalismo econômico brasileiro e, prestes a completar 90 anos, deixou de circular, em junho de 2009. Além dos problemas econômicos, o jornal também sofreu as consequências do impasse entre o empresário Nelson Tanure, que licenciou a marca, e o antigo proprietário Luiz Fernando Levy.

2010

Jornal do Brasil Old
Jornal do Brasil

Um dos mais antigos jornais do país, criado em 1891, o JB, também de propriedade de Nelson Tanure à época, encerrou sua versão impressa. Atualmente, a marca existe apenas na internet.

 

2011

O Estado do Paraná

O Estado do Paraná

Ele chegou aos 59 anos de circulaçao e foi o segundo jornal mais importante do Paraná. De propriedade do Grupo Paulo Pimentel (GPP), o título perdeu sua versão impressa em janeiro de 2011, dando lugar ao Paraná online, que existe até hoje.

 

2012

Jornal da Tarde

Jornal da Tarde

Seu tempo de vida foi de 46 anos e sua última edição circulou em 31 de outubro de 2012. Na ocasião, o Grupo Estado alegou que o objetivo de fechar o JT era focar seus esforços na marca Estadão. Perdeu-se um título que foi referência e ficou conhecido por abrigar grandes nomes do jornalismo e do fotojornalismo brasileiro, além dos diversos prêmios recebidos.

Diário do Povo

Diário do Povo

O jornal circulava há 100 anos na cidade de Campinas. O Grupo RAC, dono do título, alegou que ia concentrar esforços em outras marcas como o portal e a agência de notícias.

2014

Diário do Comércio

Diário do Comércio

Apesar de circular apenas em São Paulo, o jornal mantido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) ficou conhecido por suas capas ousadas e provocativas. Cobriu muito bem o cenário econômico nacional e local, mas deixou de circular em outubro do ano passado ficando apenas com uma versão online.

 

O Sul

Jornal O Sul

Em agosto do ano passado, o jornal O Sul, que circulava na região metropolitona de Porto Alegre, também encerrou sua vesão impressa. Entre os motivos, a alta do dólar e as dificuldades financeiras. A marca continua na internet.

2015

Brasil Econômico dead

Brasil Econômico

Quando chegou ao Brasil, em 2009, tinha um projeto ousado, chegou a ocupar parte do espaço deixado pela Gazeta Mercantil e trazia um formato diferenciado. Mas, desde 2013, veio perdendo força econômica e relevância.

Fonte: Meio & Mensagem

4 Replies to “Brasil perdeu oito jornais em 6 anos”

  1. Um país de analfabetos, onde só sobrevivem os puxa-sacos do nazilullismo… não é de se estranhar.

  2. A mídia vive de explorar a crise. Quando não há, cria alguma, ou insufla como aterradora alguma que sequer oferece perigo. Mídia é negócio, não é sacerdócio. Como todo e qualquer ramo econômico, é preciso lucrar e rápido. Imprensa livre é algo não existe.

    E os dois comentaristas poderiam usar algum argumento em lugar de seus achismos pessoais carregados de ódio.

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