Barry Gibb – O2 Arena – 3/10/2013

Barry Gibb ISei que já faz tempo e que uma crítica sobre esse show poderia ser considerada dispensável. Porém, como esse foi o último show do ex-Bee Gees até o momento e como o concerto coroou um dia inesquecível (entrevistei Sir Paul, lembram?), além de ter tido uma carga emocional acima da média, vale o registro.

A última noite da The Mythology Tour, a primeira sem a presença de seus irmãos e sem o nome Bee Gees nos cartazes, foi recheada de emoção. Talvez por contar com a presença de vários parentes e amigos na plateia e até mesmo gente vindo do Japão e da Alemanha especialmente para vê-lo, seja pela presença da sobrinha (Samantha) e do filho (Stephen) no palco com ele, além, claro, das lembranças dos irmãos e família, tive até medo de que o astro da noite não conseguisse terminar a apresentação, tantos foram os momentos nos quais chorou e teve dificuldade para completar as canções.

Mas vamos começar do começo.

A O2 Arena

Barry Gibb IILondres é uma cidade que se reinventa a cada ano, a cada dia. A construção da O2 Arena – onde também funciona um museu do rock – é um dos exemplos de modernização que se encaixa na tradição. Localizada perto da London Bridge, a arena é, para quem mora no Rio, extremamente parecida com a HSBC Arena, com a pequena diferença de que você sai do metrô ou do terminal de ônibus, dá uns 5 passos e está no local do show, sem sofrer nem mesmo com uma chuva, caso ela aconteça.

O espaço (amplo) é bem sinalizado e conta com uma quantidade inimaginável de pessoas para orientar o público (pensando em padrões brasileiros). Outro destaque é que mesmo os locais mais baratos e que deveriam ter uma visão pior, permitem uma experiência muito satisfatória. Claro que, comprados aos 44 do segundo tempo, só consegui ingressos com uma visão lateral do palco, que me surpreendeu pela qualidade e conforto. Some-se bares e banheiros impecáveis, e temos um espaço dos mais adequados para shows para até 20 mil pessoas.

O show

Barry Gibb IIIBarry entrou no palco carregando nos ombros o legado dos Bee Gees e, como vocalista da maior parte dos grandes sucessos da banda, a responsabilidade de manter a bola quicando. A presença de parente e amigos, que, teoricamente, poderia facilitar as coisas, acabou transformando a noite em um emaranhado de emoções difíceis de segurar. O repertório, recheado de hits, seguia a gangorra habitual dos grandes astros, mesclando baladas com canções mais agitadas.

Abrindo com Jive Talkin’, Lonely Days e You Should Be Dancing, o cantor deixou claro que iria jogar pesado, não dando chance para que alguém pudesse sair do clima do concerto. How Can You Mend a Broken Heart? e How Deep Is Your Love? seguiram mantendo o teor emocional, que se acentuou de maneira realmente comovente quando ele começou a cantar I Started a Joke, que contou com a segunda parte sendo interpretada (no telão) pelo irmão Robin. Se Barry já havia chorado algumas vezes antes desse momento, nessa hora grande parte da plateia não aguentou e caiu nas lágrimas. Porém, o momento mais comovente aconteceu mesmo na última canção da noite* (Words) que dedicou a esposa e quase não conseguiu finalizar, já que a emoção e um coro inacreditavelmente afinado do público quase não permitiram que Barry cantasse. Arrepiante.

Barry Gibb IVAinda tive a grata surpresa de saber que o filho de um Bee Gees é metaleiro e que sua sobrinha tem voz para pensar em seguir a carreira dos tios e do pai., o que tornou a noite mais única ainda. Aliás, pouco antes das 22h uma cena estranha para mim aconteceu. Hordas de pessoas levantaram e SAÍRAM da Arena. Isso, no meio do show! Seria algo relacionado com o horário de funcionamento do metrô ou dos ônibus? Será que só eu estava gostando da apresentação? Estaria o local pegando fogo? Paul McCartney estava fazendo um concerto surpresa do lado de fora? Não. Era apenas a chegada do horário limite para a venda de bebidas. Cerca de 5 minutos após a debandada, as mesmas horas de pessoas (agora munidas de muitos e grandes copos) voltavam para os seus lugares. Foi engraçado.

Infelizmente o website de Barry Gibb está desatualizado e não há informações sobre novas datas. Esse é o tipo de concerto que cairia muito bem em um festival brasileiro.

* Ainda houve a apresentação de Massachusetts, com os Bee Gees no telão.

O setlist

Jive Talkin’
Lonely Days
You Should Be Dancing
First of May
To Love Somebody
How Can You Mend a Broken Heart? (com Samantha Gibb)
How Deep Is Your Love?
On Time (vocal de Stephen Gibb)
I’ve Gotta Get a Message to You
Morning of My Life
New York Mining Disaster 1941
Run to Me
With the Sun in My Eyes
Every Christian Lion Hearted Man Will Show You (com Stephen Gibb)
I Started a Joke (com Robin Gibb)
Spicks and Specks
Chain Reaction (vocal de Samantha Gibb)
Islands in the Stream
Guilty
Woman in Love (vocal de Beth Cohen)
Too Much Heaven
Fight the Good Fight
(vocal Stephen Gibb)
Stayin’ Alive
If I Can’t Have You (vocal de Samantha Gibb)
Night Fever
More Than a Woman
Immortality

Bis:
Ordinary Lives
Words
Massachusetts

Fotos: Fernando de Oliveira e Jo Nunes

Vídeos: Jo Nunes

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