É sério que mudaram o nome do Túnel Acústico?

Túnel AcústicoTudo bem que a regra não é clara (certo, Arnaldo), mas nossos legisladores parecem que jamais vão perder o tino para se aproveitar de uma tragédia para aparecer. A ideia de batizar certos locais ou equipamentos esportivos com o nome de pessoas importantes ou que tenham sido vítimas de alguma violência é louvável, caso seguidas algumas regrinhas básicas, algumas delas já definidas em lei e muitas vezes descumpridas.

Praça João Hélio IIEstádios, aeroportos, praças, etc, só podem receber o nome de pessoas que já estejam mortas, lei que foi ignorada na hora de batizar o Engenhão como Estádio Olímpico João Havelange, personagem ainda vivo. Agora, a mais nova homenagem acontece com a mudança do nome do Túnel Acústico, na Zona Sul do Rio, que ganha o nome de Rafael Mascarenhas, o filho da atriz Cissa Guimarães, morto no local em 2010, atropelado por um motorista que trafegava pelo local quando este estava interditado para manutenção.

Peraí, Arnaldo! O rapaz não devia ter sido morto, ok, mas ele também não poderia estar no local andando de skate! Até onde sei, se o local estava fechado, essa interdição serve tanto para automóveis como para qualquer outra pessoa. Sendo assim, sem querer soar insensível, ele foi co-responsável pelo acidente. Vítima? Sim. Inocente? Não.

Praça João HélioEssa conclusão me deixa perplexo com a decisão de colocar o nome do rapaz batizando o local. Não lembro de nenhum de nossos bravos políticos pensarem em lembrar a memória do menino João Hélio, arrastado por várias ruas da Zona Norte do Rio depois do carro onde estava ser roubado. Não existe um “Caminho João Hélio“, “Rua João Hélio” ou “Praça João Hélio“, ele, sim, sendo uma vítima inocente da violência cotidiana. Na verdade, a única homenagem ao menino (que eu saiba) aconteceu em Araruama, onde uma praça/parque recebeu o seu nome. Na capital, NADA!

Provavelmente muitos vão ler esse texto pela metade e achar que eu sou a favor do atropelador de Rafael – que responde ao inquérito pela morte em liberdade, sabia? -, mas a questão é apenas em dar importância desigual a eventos que deveriam receber uma exposição inversa ao que acontece. Parece que a morte do filho de uma pessoa pública tem mais valor do que a de uma criança pobre do subúrbio.

Viajei?

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