Eric Clapton: Slowhand ganha edição comemorativa pelos 35 anos de seu lançamento

eric_clapton-slowhand-frontalUm dos principais discos da carreira de Eric Clapton e sua obra que mais tempo ficou no topo das paradas, o álbum Slowhand (um dos apelidos do “Deus da Guitarra”) chega, com um pequeno atraso ao Brasil, com sua edição comemorativa dos 35 anos de seu lançamento, em edição dupla, sobras de estúdio, um concerto ao vivo e som brilhantemente remasterizado a partir das fitas originais.

Se o início dos anos 70 foi marcado pela economia dos solos de seus discos solo, da produção de alguns clássicos – como o disco Layla and Other Assorted Love Songs, gravado sob o pseudônimo de Derek and the Dominos – e do pouco sucesso comercial, Slowhand serviu como um impulso na carreira do guitarrista. Embora não tão diferente no formato de seus lançamentos anteriores – 461 Ocean Boulevard (1974), There’s One in Every Crowd (1975) e No Reason to Cry (1976) -, uma coleção de canções country, blues e composições originais, Slowhand se destaca pela trinca de hits que abre o disco: Cocaine, canção de J. J. Cale – também autor de After Midnight, outro sucesso de Clapton, e que é até hoje um dos números mais esperados dos concertos do guitarrista; Wonderful Tonight, sua balada mais conhecida, escrita para a principal musa inspiradora do rock, Patty Boyd (sua esposa na época) e que já havia servido como figura central para composições como Something (escrita pelo então marido George Harrison, para o LP Abbey Road, dos Beatles) e para Layla, também de Clapton, e que se transformou em sua composição mais conhecida e tema central de sua melhor obra, o já mencionado Layla and Other Assorted Love Songs; e Lay Down Sally, um country que também foi um grande sucesso radiofônico. Não sei qual o borogodó dessa mulher, mas que ela sabia agradar aos maridos, sabia.

Slowhand 35 IAlém dos hits, Slowhand ainda tem uma das mais belas e melancólicas composições de Clapton, a instrumental Peaches and Diesel, que fecha o disco original, e bons riffs como The Core, onde divide os vocais com Yvonne Elliman. Mais os fãs têm mais para se deliciar. A edição deluxe lançada no Brasil traz quatro canções gravadas nas sessões do disco, mas não aproveitadas (Looking At The Rain e Stars, Strays And Ashtrays, não fariam feio se tivessem feito parte do line up original) e nove músicas gravadas em 27 de abril de 1977 no Hammersmith Odeon, em Londres – a maioria delas nunca lançadas -, com a banda formada apenas por músicos norte-americanos, que ainda produziria mais um LP (Backless, em 1978).

Os anos 70 podem ter sido de abusos (álcool e drogas), mas em nada atrapalharam Clapton e sua fiel escudeira Blackie (a Fender Stratocaster preta que aparece na capa do álbum) a produzir alguns dos melhores momentos do artista, que ainda viria a mudar de rumo, várias vezes, com a mesma naturalidade com que mudava de corte de cabelo, sem nunca deixar de lado suas raízes do blues.

Slowhand é um disco de momentos. Não tem a unidade de Another Ticket (1980) ou 461 Ocean Boulevard, mas supera em muito a produção solo de Clapton durante essa década. Essa nova versão abre um novo horizonte, tanto em relação ao som quanto em relação ao material inédito.

 

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Uma versão editada deste texto foi publicada no jornal O Fluminense

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