Música – 21/03/2012 – O Fluminense – Springsteen, McCartney, Starr e The Fevers

Os textos abaixo foram publicados, em versões editadas, na coluna de música do Segundo Caderno do jornal O Fluminense desta quarta (21/03/2012).
Bruce Springsteen volta inspirado

Wrecking Ball, novo disco do The Boss, Bruce Springsteen – o 17º da sua vitoriosa carreira – traz de volta o tom ufanista/politizado/patriótico que norteou boa parte da trajetória do artista. Embora sem a mesma máquina de divulgação dos tempos nos quais as gravadoras apostavam na arte de conquistar os jornalistas antes de escreverem suas críticas – afinal, nada pior do que escrever baseado em releases (argh) ou ter que baixar uma versão pirata para poder ouvir o disco em questão -, Bruce consegue oferecer aos fãs um produto coeso, que merece ser ouvido com atenção, até pelos que não são grandes admiradores do roqueiro.

As letras das canções falam da crise econômica, social e até mesmo moral pela qual passa os Estados Unidos, enquanto os arranjos – sem o seu sempre fiel grupo de apoio, a E-Street Band – abrem espaço para audácias como a inclusão de trechos de um rap (Rocky Ground) e vários momentos com toques eletrônicos, cortesia do produtor Ron Aniello, que também guia Springsteen pelos caminhos nem tão novos como a música irlandesa (Easy Money), das baladas (Jack of All Trades) e, claro, dos rocks diretos e mais crus.

Provavelmente as comparações com o hoje clássico Born in the USA (1984), tempo no qual The Boss dominava as paradas e ainda era responsável por shows antologicamente longos. Em 2012, ele já não arrasta as mesmas multidões para seus concertos, mas mostra que ainda é capaz de realizar trabalhos relevantes e inspirados.

Ringo Starr faz disco cheio de rock, paz e amor

O ex-bateirista dos Beatles, Ringo Starr, que se apresentou no Rio no fim de 2011, lança mais um disco solo, fiel ao clima paz e amor e ao rock dos anos 60. Chamado apenas de Ringo 2012 (Universal Music), o novo trabalho é produzido pelo próprio Ringo, que faz da simplicidade um dos maiores trunfos do CD.

Econômico até no número de faixas – são apenas nove, sendo que duas são covers (Think It Over e Rock Island Line) e outras duas novas versões para músicas que ele já gravou em outros discos de sua carreira solo durante a década de 70 (Wings e Step Lightly). Mas não pense que o fato de conter poucas músicas inéditas é um sinal de falta de inspiração. Anthem, faixa que abre o disco, é um rockão daqueles que provavelmente fará parte dos concertos de Ringo. Além disso, a regravação de Think It Over, de Buddy Holly, é divertidamente agradável, com seu climão descompromissado, como é todo o som do novo trabalho. Descompromissado, mas muito competente.


A Universal Music e o jornal O Fluminense estão sorteando cópias do CD Ringo 2012. Para participar, vá até a página do jornal na internet (www.ofluiminense.com.br), siga as instruções e boa sorte. O resultado será divulgado na terça-feira (27 de março).

‘Febres’ noveleiras

O The Fevers, um dos mais importantes e premiados grupos da jovem guarda – são 28 discos de ouro, cinco de platina e um de diamante – ganha uma nova coletânea: The Fevers – Sempre (Som Livre). O CD, que reúne várias canções que foram incluídas em trilhas de telenovelas globais e outros sucessos, é uma oportunidade de relembrar músicas que nem sempre são fáceis de encontrar.

Das 14 faixas, destaque para Guerra dos Sexos (tema da novela de mesmo nome, exibida em 1983), a versão de É Preciso Saber Viver (Roberto e Erasmo Carlos) e a clássica Marcas do Que se Foi, sucessos que são reconhecidos por qualquer pessoa com mais de 30 anos.

O único ponto contra, porém, é a falta de informações sobre as canções, já que o encarte traz apenas o crédito dos autores, sem ao menos citar as datas de lançamentos de cada fonograma, dado que ajudaria o comprador a ter uma visão histórica das músicas que está ouvindo.

Relembrando o 11/09

O dia 11 de setembro de 2001 mudou o mundo para sempre. O ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, deixou marcas que até hoje não cicatrizaram. Por coincidência, Paul McCartney estava na cidade no dia dos atentados e, chocado com o episódio, resolveu ajudar da maneira que melhor sabe: fazendo música.

The Love We Make (lançado pelo selo ST2) é o documentário, em preto branco, que conta o trabalho de Paul para realizar um concerto em homenagem às vítimas. Nele, é possível conferir momentos de McCartney andando pelas ruas, dando instruções para seu motorista sobre como agir com os fãs e ensaiando. O concerto, que contou com nomes como o The Who, Eric Clapton, Mick Jagger, Keith Richards, David Bowie, Elton John, James Taylor e Billy Joel, entre outros, aconteceu no Madson Square Garden em outubro de 2001 e até hoje é um dos mais emocionantes shows realizados em decorrência da tragédia que vitimou milhares de pessoas. Vale conferir.

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