Mais uma esperança para o blues

Joe Bonamassa mostra, aos 34 anos, que o gênero ainda vive

O novaiorquino Joe Bonamassa é mais um apaixonado pelo blues. Blues inglês. Isso, mesmo já tendo participado de um grupo (o Bloodline) onde estava o filho de Miles Davis. Bonamassa, que aos 14 anos já tocava como atração de abertura dos shows do mestre B.B. King e, desde então, já dividiu o palco com nomes como os de Buddy Guy, Foreigner, Robert Cray, Stephen Stills, Joe Cocker, Gregg Allman, Steve Winwood, Paul Jones, Ted Nugent, Warren Haynes, Eric Clapton, Derek Trucks e Jack Bruce, tem três trabalhos recentes lançados no Brasil pela Som Livre: o CD Dust Bowl e o CD e DVD/Blu ray Live From Royal Albert Hall.

Bonamassa, que ainda é relativamente jovem, com seus 34 anos, é, depois da morte de Stevie Ray Vaughan, uma das grandes esperanças do blues. Em Live From Royal Albert Hall o guitarrista, usando o seu melhor estilo Blues Brothers, mostra toda a sua técnica em canções como Lonesome Road Blues, The Ballad of Joe Henry e So Many Roads. Mas o melhor mesmo é a participação e a influência de Eric Clapton, que é citado com parte do tema de Edge of the Darkness (um obscuro tema para um filme de TV do mesmo nome). O duelo entre Bonamassa e Deus em Further On Up the Road é de arrepiar e possivelmente a versão mais incendiária desta canção, que Clapton já dividiu com gente como Jeff Beck, Robbie Robertson e Albert Lee. Outro ponto alto do DVD é a versão de Your Funeral My Trial, clássico de Sonny Boy Williamson, que conta com o cantor e gaitista Paul Jones.

Dust Bowl – 12º trabalho solo de Joe Bonamassa – mistura o blues de Buddy Guy, com influências country, principalmente nas faixas onde veterano cantor e compositor John Hiatt empresta ao bluseiro a sua bagagem country. Mas há também toques de hard rock no trabalho, assim como momentos que parecem voltados para o som pop FM que toma conta das rádios atuais.

Da faixa de abertura (Slow Train) até a de encerramento (Prisoner), Dust Bowl é Joe Bonamassa dando o melhor de si, passeando pelas várias vertentes do rock/blues com um vigor que há algum tempo parecia ter se perdido, principalmente nos últimos trabalhos dos grandes nomes do gênero.

Recomendo a audição dos dois trabalhos!


Texto publicado originalmente no jornal O Fluminense

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