Grammy 2012 (crítica) – Uma consagração para Adele – com destaque para os shows dos Beach boys e Paul McCartney

O Grammy é sempre uma festa de misturas, para agradar todas as raças, credos e cores. Por isso mesmo, nem sempre é de fácil degustação, além de sofrer com uma duração um pouco longa demais. Esta 54ª edição do prêmio foi uma das melhores dos últimos anos, embora algumas atrações devam ter desagradado tribos particulares de fãs, sejam elas de música ou daquelas performances em playback que estão mais para aulas de dança que para apresentações musicais.

Em um show que precisou ser modificado na última hora por conta da morte de Whitney Houston, homenageada em vários momentos da noite, o rapper/ator LL Cool J conseguiu comandar e manter o interesse mesmo nos momentos menos inspirados do roteiro.

A noite começou com Bruce The Boss Springsteen e sua E Street Band, dando um toque de rock-nostalgia, já anunciando a vitória esmagadora – seis Grammy – da campeã de vendas Adele, com seu som meio soul anos 70, deixando para trás as modernidades moderninhas. Seu disco 21 ganhou tudo o que concorreu e mostrou que a menina foi reconhecida por sua ajuda em reerguer o mercado fonográfico. Além disso, apesar de performances de gente boa como os Foo Fighters e Coldplay, os grandes nomes da noite foram mesmo os veteranos Tony Bennett, Glen Campbel, The Beach Boys e Paul McCartney.

O ex-beatle, que ganhou um prêmio pelo relançamento de seu álbum Band on the Run (com o Wings), foi o único artista a subir ao palco para cantar em dois momentos distintos da noite. Na primeira, Paul, acompanhado de Joe Walsh (Eagles) e Diana Krall, interpretou sua nova canção de amor (My Valentine), feita para sua nova esposa e que faz parte do recém-lançado Kisses on the Bottom. Na segunda, com sua banda e mais as participações de Dave Grohl (Foo Fighters), The Boss e Joe Walsh nas guitarras, Macca levou o medley Golden Slumbers/Carry That Weight/The End e a sua famosa frase And in the End, the Love You Take is Equal to the Love You Make, fechando uma noite com mais altos que baixos.

Glen Campbell

Outro veterano homenageado na festa foi o cantor country Glen Campbell, que coincidentemente chegou a fazer parte dos Beach Boys, em meados dos anos 60, quando Brian Wilson decidiu parar de participar dos shows da banda. Campbell teve uma carreira cheia de sucessos e se aposentou dos palcos e dos estúdios.Foram mais de 70 discos lançados e uma série de hits como Gentle on My Mind, By the Time I Get to Phoenix e Rhinestone Cowboy, que lhe renderam uma indicação para o Hall da Fama da Música Country.

Beach Boys reunion

Pode até ser que o Marron 5 tenha ficado aquém do esperado em Surfer Girl, mas a entrada dos Beach Boys sobreviventes (Mike Love, Al Jardine, Bruce Johnston e Brian Wilson) cantando Good Vibrations foi emocionante, preocupante (pelo estado atlético dos músicos) e de deixar todos aplaudindo de pé.

A turnê em comemoração aos 50 anos da banda promete ser um prato cheio para os fãs de um dos mais influentes grupos do pop/rock de todos os tempos. Tomara que a animação de Al e Bruce supere o ego de Mike Love e os fantasmas de Brian, além da animosidade entre os dois últimos.

Tom Jobim, Diana Ross e Allman Brothers

O Brasil não ficou de fora do Grammy. Apesar de não concorrer em nenhuma categoria, nem mesmo World Music, o país foi lembrado pelo Grammy especial pelo conjunto da obra ao eterno maestro Tom Jobim. E que não achem que esse é um prêmio menor, já que os outros contemplados eram artistas do peso do Allman Brothers Band, Glen Campbell, George Jones, The Memphis Horns, Diana Ross e Gil Scott-Heron.

Verdade que também tivemos Rhianna, que chamou mais a atenção pelo modelo que usava no tapete vermelho do que por seus dotes musicais, David Guetta, Jennifer Houston, Bruno Mars, Coldplay, Alicia Keys, Bonnie Raitt e outras estrelas (bem) menos memoráveis.

Parece que o Grammy se aproveitou bem do fôlego e crescimento das vendas provocado por Adele e, por mais triste e cruel que possa soar, das mortes de grandes ídolos como Amy Winehouse, Etta James, Gary Moore e Whitney Houston. A festa foi enxuta na medida do possível (pouco mais de 3 horas) e teve emoção na dose certa, com homenagens que não soaram piegas ou forçadas em nenhum momento.

Osnas principais categorias do 54° Grammy foram:

Álbum do Ano – 21 (Adele)
Gravação do Ano – Rolling in the Deep (Adele)
Música do Ano – Rolling in the Deep (Adele e Paul Epworth)
Artista Revelação – Bon Iver
Performance Pop Solo – Adele, por Someone Like You
Performance Pop Duo ou Grupo – Tony Bennett & Amy Winehouse, por Body and Soul
Álbum Pop Instrumental – The Road From Memphis (Booker T. Jones)
Álbum Pop Vocal – 21 (Adele)
Performance de Rock – Foo Fighters, por Walk
Performance de Hard Rock/Metal – Foo Fighters, por White Limo
Canção de Rock – Walk (Foo Fighters)
Álbum de Rock – Wasting Light (Foo Fighters)
Performance de Rap – Jay-Z & Kanye West, por Otis
Álbum de Rap – My Beautiful Dark Twisted Fantasy (Kanye West)
Álbum de R & B – F.A.M.E. (Chris Brown)
Álbum de Country – Own the Night (Lady Antebellum)
Álbum Histórico: – Band On The Run (Paul McCartney/Wings)



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