Victor Biglione, Jefferson Gonçalves e U2

Textos publicados na edição de 18 de janeiro do jornal O Fluminense

Victor Biglione na música e nas páginas de um livro

Guitarrista lança CD e ganha obra sobre sua carreira na MPB

Ostentando o título de músico estrangeiro com mais participações em gravações e shows na MPB, o guitarrista argentino Victor Biglione chega ao mercado em dose dupla: no CD Cinemúsica (Tratore), no qual desfila sua expertise na confecção de trilhas sonoras para a telona e no livro contando a sua vida, escrito pelo pesquisador musical Euclides Amaral, com a luxuosa orelha de Ricardo Cravo Albin.

Cinemúsica reúne várias trilhas premiadas, escritas por Biglione. Apesar de alguns títulos não serem familiares ao grande público, como Condor, Como Nascem os Anjos e O Inventor de Sonhos, a qualidade é garantida por prêmios como o Kikito de Ouro de Melhor Trilha Sonora (Como Nascem os Anjos) e Melhor Trilha do Riocine Festival de 1990 (Faca de Dois Gumes).

A música de Biglione mistura elementos bem brasileiros com acordeons e passagens nitidamente influenciadas pelo tango argentino, criando texturas que servem perfeitamente como pano de fundo para as imagens imaginadas pelos diretores com os quais trabalhou (Murilo Salles, Lucia Murat, Carlos Gregório, Emiliano Queiroz, Marcelo Laffitte, Chris Rodriques e Roberto Mader), mas que também funcionam como protagonistas, como no caso desse CD.

O ouvinte vai se deliciar com as nuances de temas como Wagneriana (do filme A Faca de Dois Gumes) e América Paloma (do filme Condor).

Cinemúsica é daqueles trabalhos que, apesar dos mais de 20 anos que separam algumas das canções, nos fazem ter certeza de que a MPB é mesmo um campo farto, onde se pode misturar elementos de várias culturas, e que vai muito além do que a bossa nova e samba.

Para completar, a Ediouro reedita o livro Victor Biglione & a MPB, que conta a trajetória do músico em mais de 200 páginas, desde a sua infância até os dias de hoje. Biglione, que já lançou discos dos mais variados gêneros – do blues ao jazz, com passagens pelo samba, choro, baião e muita MPB, além de um excelente trabalho com o ex-guitarrista do The Police, Andy Summers – circula pelos estúdios e palcos brasileiros desde a década de 70, sempre com um padrão de qualidade difícil de encontrar em artistas que se aventuram por campos tão diferentes.

A publicação é recheada de depoimentos, reprodução de capas de discos e revistas sobre Biglione, mas o seu charme está mesmo em dissecar o trabalho do músico, detalhando todos os seus trabalhos, faixa a faixa, suas parcerias, participações e shows, em um trabalho minucioso e que ajuda a colocar em perspectiva uma das figuras mais importantes da nossa música.

Tanto o disco quanto o livro são duas ótimas oportunidades para que se mergulhe no oceano de boa música que é produzida no Brasil e que nem sempre ganha destaque.


Jefferson Gonçalves: Uma encruzilhada onde o blues encontra o baião

Lançando seu quarto disco solo – Encruzilhada (Blues Time Records) -, o gaitista Jefferson Gonçalves, uma das figuras mais respeitadas da cena do blues nacional, mistura as influências do ritmo surgido nas plantações de algodão dos Estados Unidos com ritmos nordestinos como o baião e o maracatu.

“O que está registrado nesse quarto CD, que considero um divisor de águas na minha carreira, retrata um momento da minha vida no qual estou mais preocupado com música do que com estilo”, explica o músico.

O resultado é um disco que ultrapassa as fronteiras do Mississippi e acaba desembarcando nas praias de água quente do nordeste brasileiro. No disco, temos uma mistura de composições de blues tradicional (Catfish Blues, de Muddy Waters), MPB (Tudo Azul, de Carlos Malta) e ótimas composições próprias (Na Hora, Água Viva e faixa-título).

Com Encruzilhada, Jefferson Gonçalves mostra que é possível a convivência de artistas de várias tendências misturando ritmos, em um mercado onde nem sempre a qualidade é sinônimo de sucesso comercial, sem preconceitos e sem que surjam vozes contrárias à miscigenação musical entre estilos oriundos de locais tão distantes.

CD ao vivo do U2, só para fãs de carteirinha

Enquanto descansam e preparam material para um novo CD, os membros do U2 vão dar um presentão aos fãs de carteirinha do grupo. Bono, Edge & Cia prepararam uma série de registros ao vivo das canções tocadas durante a turnê 360. Depois, colocaram no site da banda trechos das canções e permitiram que os próprios fãs escolhessem as suas preferidas, que farão parte de um CD exclusivo.

O mimo, que se chamará U22, será enviado para cada um dos fãs que se cadastrarem e pagarem o registro anual (US$ 50).

Serão 22 faixas gravadas durante os 110 shows realizados entre 2009 e 2011 (inclusive no Brasil), que estarão espalhadas em um CD duplo que ainda virá com um livreto recheado de fotos dos concertos. As canções que farão parte do disco ainda não foram anunciadas, mas o lançamento do U22 deve acontecer ainda no primeiro trimestre de 2012.

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