A Cor do Som – Teatro Rival – 14, 15 e 16 de julho de 2011 – Crítica

Palco simples para boa música

Um dos melhores grupos já formados na Música Popular Brasileira, A Cor do Som se reuniu, com sua formação original – Armandinho (guitarras), Ary Dias (percussão), Dadi Carvalho (baixo), Gustavo Schroeter (bateria) e Mu Carvalho (teclados) – para uma mini-temporada de três dias no Teatro Rival, no Centro do Rio.

Criado em 1977 e com uma série de sucessos que se sucederam até 1986. Depois disso, foram só algumas reuniões esporádicas e dois lançamentos ao vivo. A reunião no Rival foi um mix de nostalgia, esperança e boa música. Nostalgia, por conta das várias capas de LPs do grupo que apareceram na plateia, que cantava todos os números, assim como ouvia com atenção todos os instrumentais apresentados. Esperança, pelo anúncio de que o grupo está preparando um novo trabalho com músicas inéditas. Boa música, pelo talento dos instrumentistas, todos metres.

Dadi, Ari e Nivaldo Ornelas, convidado da noite de estreia

A estreia, porém, foi decepcionante. O set foi permeado por climas instrumentais que não davam uma boa continuidade ao espetáculo, alguns esquecimentos de partes das canções e performances vocais constrangedoras, mesmo para artistas que nunca foram considerados exímios vocalistas.

O próprio Armandinho confessou que o grupo ensaiava por osmose, tentando lembrar como eram as canções (veja o vídeo de Beleza Pura). Portanto, era mais que normal que a estreia (numa quinta-feira) fosse um pouco insegura e cheia de vacilos. Mesmo assim, era possível sentir que ainda há uma grande química entre os músicos.

Entrosamento maior no sábado

Para tirar qualquer má impressão, voltei ao Rival no sábado para ver a evolução do espetáculo. Valeu demais! O set estava mais afiado e, em vários momentos, perdeu aquela cara de show do Armandinho (como em Noites Cariocas). Até mesmo as intervenções vocais melhoraram muito, após dois dias de ensaio com plateia.

A guitarra 'A Cor do Som' e um detalhe Beatle

Dadi estava bem mais seguro para cantar Abri a Porta e Menino Deus, aproveitando bem até mesmo a ajuda do coro do público. Armandinho também foi bem em Zamzibar e Beleza Pura, assim como Mu em Semente do Amor e Swingue Menina, além de Ari, na divertida Dentro da Minha Cabeça.

A recepção do público foi tão boa que mereceu elogios de Armandinho e o fez pensar em voltar ao Rio (atualmente mora na Bahia). Mas, mais importante que o revival, é a certeza de que a Cor do Som ainda tem muito para dar a MPB e para ensinar a um grande número de músicos das novas gerações.

Torço para que o projeto do disco novo siga em velocidade acelerada. Já foram anos demais longe das belas cores e tons da Cor do Som.

 

Fotos e vídeos: Fernando de Oliveira e Jo Nunes

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