Uma reflexão sobre a cobertura jornalística da tragédia na Região Serrana

Não é fácil fazer a cobertura de um evento tão trágico quanto esse da Região Serrana do Rio. A tentação de cair no sentimentalismo barato em nome de humanizar a cobertura é grande e isso só pode ser minimizado com profissionais que já tenham alguma experiência. Definitivamente, pensar, organizar e executar uma cobertura dessas não é para qualquer um.

Parece óbvio o que vou escrever (deveria ser), mas não é. Primeiro, é preciso saber quais recursos podem e devem ser usados por cada um dos veículos. E isso, novamente, não é coisa para novatos.

As TVs se aproveitam das imagens (óbvio) e dos relatos dos repórteres para enriquecer suas matérias. Nessa hora um bom texto em primeira pessoa é valorizado e serve para informar e emocionar o telespectador.

As rádios apostam em serviço, na ajuda imediata aos que querem ajudar e aos que estão sofrendo com a destruição das cidades. Prestam um serviço que ainda é um dos mais ágeis e importantes do jornalismo.

Jornais e revistas apostam em um misto de informação e aprofundamento da notícia. Devido a sua periodicidade, tentam resumir o máximo das informações acontecidas e explorar planos futuros sobre reconstrução.

Os portais de Internet deveriam aproveitar a agilidade para fazer um mix de quase tudo. Mais importante do que saber o que fazer, é saber o que não fazer. Não adianta tentar brigar com as TVs no combo imagem/depoimento ou imaginar que reportagens com o foco em comportamento darão audiência. Há de se apostar em personagens fortes – sobreviventes contando como foi a experiência – ou relatos de situações que beiram o bizarro, como os enterros coletivos, por exemplo.

Além disso, deveriam também apostar na interatividade com o internauta, estimulando o envio de fotos, vídeos, sugestões, etc. Mas o mais importante, sem dúvidas, é a qualidade do material produzido. Repetir o que já foi feito por rádios, TVs ou jornais é pouco e pobre. Mostrar o que mudou no dia-a-dia é outra boa opção.

Não sei como será o balanço final da atuação da mídia, mas é uma pena ver tanta gente perdida em uma cobertura desse tipo. Afinal, ficar sentado em uma redação e bem diferente de ir para o campo e saber produzir.

Torço para que todos aprendam com os erros cometidos.

 

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