Paul in São Paulo – 22/11/2010 – Pensamentos e Crítica do show

Depois de Porto Alegre e de assistir o (péssimo) ‘”especial’” (com aspas triplas) exibido pela Rede Globo e pelo Multi Show, chegou a hora de ir para a Terra da Garoa assistir ao último concerto de Sir Paul McCartney no Brasil. Durante todo o mês de novembro houve um fenômeno muito interessante, estranho e extremamente prazeroso: Crítica e público se renderam ao talento do maior músico pop vivo. E esse fenômeno não se deu apenas por conta das canções que o velho Macca compôs quando fazia parte dos Beatles. Sua carreira solo e o tempo com os Wings também passaram ser reverenciados.

Mara, Debinha e eu antes do show no Morumbi

Durante anos só era possível encontrar críticas a tudo que era produzido por McCartney. Lembro de ter lido uma crítica extremamente negativa sobre o disco Tug of War (1982), que simplesmente é uma obra prima. Mas, Paul McCartney era um daqueles artistas que faziam com que as pessoas ganhassem status ao falar mal. Havia um certo sentimento de vergonha em admitir que gostavam do que ele fazia. Mesmo quando veio pela primeira vez ao Brasil, em 1990, ainda houve muita gente que criticou seu estilo. Estilo, aliás, que é conhecido exatamente pela versatilidade ou falta de estilo. Até mesmo gente do calibre de Keith Richards já o chamou de peso leve. Inveja?

Chegar em São Paulo sempre significa engarrafamento – mesmo que você vá de avião -, ainda mais se estiver chovendo. Como nosso grupo estava uniformizado, logo apareceu gente de todo lado perguntando: “como vocês vão para o Morumbi?”. Depois de alguma indecisão e tentativas frustradas de conseguir uma van ou um ônibus, optamos por ir de táxi mesmo. Fomos em dois carros e, ai, começou todo o sofrimento. Os engarrafamentos eram imensos e o relógio já marcava 18h. Para piorar, os táxis seguiram caminhos diferentes e o meu motorista (um velhinho) conseguiu chegar 1h30 mais cedo do que o segundo táxi, onde estava o meu ingresso!!!! Tensão total!

Somente pouco antes das 21h é que conseguimos entrar no estádio. Chovia bastante (conforme a meteorologia disse que não aconteceria) e, com ingressos de arquibancada vermelha, fomos subindo os gigantes degraus do Morumbi até um local livre. A essa altura, o estádio já estava razoavelmente cheio e o joelho já dava sinais de que iria doer (o que está acontecendo até hoje). No dia anterior, Paul havia praticamente repetido o setlist de Porto Alegre (suprimindo apenas Ram On) e a lógica dizia que teríamos novidades.

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Com menos de 11 minutos de atraso, Sir Paul entrou no palco, saudou a platéia e atacou de….Magical Mystery Tour! Pelo jeito ele iria repetir as canções da sua segunda apresentação em Buenos Aires. Teríamos Bluebird?

O cara é mesmo especial. Aos 68 anos, com os agudos já escassos, ele consegue tocar piano, baixo, violão, guitarra, ukelele e bandolim, sempre com uma cara de quem está se divertindo. Por quase três horas passeia por canções que fazem parte da vida das pessoas, mesmo que muitas prefiram fingir que não. Paul trocou várias canções e brindou o público com I’m Looking Through You, Two of Us, Got to Get You Into My Life e Bluebird, que só quem foi ao segundo show do Morumbi pôde ouvir, já que nos dois shows anteriores no Brasil nenhuma dessas canções foi apresentada. A voz parecia em melhor forma do que no dia anterior e a banda mais uma vez tocava com um vigor que não deixava ninguém parado.

Com a chuva, Paul aproveitou para fazer rimas (Tudo bem in the rain?) e citar Chove Chuva. Saudou os paulistas e agradeceu a todos que foram aos dois concertos, dizendo que foram plateias sensacionais. Dedicou My Love a sua Gatinha, Linda, e até arriscou uma musiquinha em homenagem a São Paulo. Teve também a babação de ovo de falar que o Brasil é o país da Música Linda, mas nada muito comprometedor.

Termina o show e fica aquele sentimento dividido. Muita gente chorando e muita gente dizendo que suas preferidas foram essa ou aquela (na maioria das vezes, canções dos Beatles). Particularmente, me emocionei mais com as canções da carreira solo e, principalmente, da época dos Wings. Bluebird, Let me Roll It, Letting Go, Nineteen Hundred and Eighty Five, Ram On e a sensacional dobradinha Venus and Mars/Rockshow – talvez o momento onde as lágrimas tenham descido sem controle. A música dos Beatles é imortal, mas foram as canções de Paul que me fizeram derreter.

No fim, o amor que recebemos foi realmente igual ao que demos. Paul deixou o palco prometendo mais uma vez voltar. Tomara que rápido, bem rápido.

O setlist

Magical Mystery Tour
Jet
All My Loving
Letting Go
Got to Get You into My Life
Highway
Let Me Roll It / Foxy Lady
The Long and Winding Road
Nineteen Hundred and Eighty-Five
Let ‘Em In
My Love
I’m Looking Through You
Two of Us
Blackbird
Here Today
Bluebird
Dance Tonight
Mrs. Vandebilt
Eleanor Rigby
Something
Sing The Changes
Band On The Run
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Back in the U.S.S.R.
I’ve Got a Feeling
Paperback Writer
A Day In The Life/Give Peace A Chance
Let It Be
Live and Let Die
Hey Jude

Encore:
Day Tripper
Lady Madonna
Get Back

Encore 2:
Yesterday
Helter Skelter
Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise)/The End

3 Replies to “Paul in São Paulo – 22/11/2010 – Pensamentos e Crítica do show”

  1. Ir com a camisa do Liverpool é para homenagear a cidade do ex-beatle, não? Porque pelo time que ele torce deveria ir com a camisa do Everton, que é o time que ele torce……

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