Um Clapton que não surpreende

Novo CD do guitarrista traz várias participações especiais mas não inova

Eric Clapton já foi chamado de Deus, já participou de vários grupos de sucesso, já ganhou uma penca de prêmios, foi um viciado em drogas e álcool e já se apaixonou pela mulher do melhor amigo – Patty Boyd, então mulher do ex-Beatle George Harrison. O hoje sessentão já não faz turnês por países muito distantes da sua realidade, embora não tenha diminuído o ritmo de apresentações nos Estados Unidos e Europa ou a sua habilidade com as guitarras. Seu mais novo trabalho, chamado simplesmente Clapton, segue uma linha bastante conhecida pelos fãs: um mix de canções originais e covers de alguns de seus heróis, com o recheio de várias participações especiais.

Lançado no último dia 27 de setembro na Inglaterra e 28 nos EUA, Clapton mostra um artista maduro, mas que, apesar do que disse em várias entrevistas, não vai surpreender seus fãs. O repertório, baseado em blues, baladas e algumas canções com um estilo cabaret, parece em muito com os escolhidos por ele desde Reptile (2001). São temas que o artista ouve desde a infância e que deveriam ter ganho um toque menos polido do produtor Doyle Bramhall II, um velho conhecido, que ajudou na gravação do primeiro disco solo – Eric Clapton (1970).

– Esse álbum não saiu como havia sido planejado. Na verdade ficou melhor do que imaginava. É uma coleção eclética de canções que pouca gente conhece e que gosto muito. Ele (o álbum) deve surpreender os fãs, até porque me surpreendeu também.

O novo trabalho conta com participaçoes de velhos conhecidos como J.J. Cale, Steve Winwood, Jim Keltner e Sheryl Crow, entre outros, que abrilhantam boas canções, mas estão longe de trazer frescor ao trabalho do guitarrista. Com uma discografia extensa, o novo Clapton (o 19° da carreira solo) fica em um nível intermediário entre os grandes trabalhos – Slowhand (1978), Another Ticket (1981), Behind the Sun (1985), Journey Man (1989), From the Cradle (1994) e Unplugged (1992) – e os discos dispensáveis –No Reason to Cry (1976), August (1986), Pilgrim (1998) e There’s One in Every Crowd (1975).

No novo CD o guitarrista dá bastante espaço ao cantor, apesar da forte auto crítica.

– Eu detesto o jeito que canto. Soa como um garoto de 16 anos de Surbiton (subúrbio de Londres). Quando assisto Ray Charles cantando, eu peso: É isso! Ele canta cada uma das músicas como se fossem a mais importante canção que ele soubesse.

E, para alguém que diz não gostar de sua voz como cantor, é surpreendente que deixe ser lançada uma mixagem que valorize tanto o seu vocal. E canções como How Deep Is The Ocean e Diamonds Made From Rain mostram que a preocupação com a qualidade vocal é infundada. Com o passar dos anos Clapton desenvolveu uma técnica bastante apurada.

Quem quiser conhecer todo o novo trabalho do Slowhand vai ter algum tabalho. Há várias versões sendo comercializadas, cada uma deles com faixas bôus diferentes. Há versões do CD sendo vendidas pelo site oficial do artista, pela loja virtual iTunes e pela livrearia Barnes & Noble, além da versão regular. Felizmente a iTunes e a Barnes & Noble prometeram vender as faixas bônus separadamente, diminuindo o rombo no bolso dos fãs.

No Brasil a Warner lança a versão standart, com 14 faixas.

1 Travelin’ Alone
2 Rockin’ Chair
3 River Runs Deep
4 Judgement Day
5 How Deep Is The Ocean
6 My Very Good Friend The Milkman
7 Can’t Hold Out Much Longer
8 That’s No Way To Get Along
9 Everything Will Be Alright
10 Diamonds Made From Rain
11 When Somebody Thinks You’re Wonderful
12 Hard Times Blues
13 Run Back To Your Side
14 Autumn Leaves

Serviço:
Clapton – Eric Clapton
Gravadora: Warner
Preço: R$ 25

Uma versão desse texto também foi publicado no Portal R7

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