A dificuldade na hora de escolher um vinho (parte I) – Malbec

Um dos maiores problemas para quem não entende muito de vinho é descobrir como escolher um bom rótulo entre as centenas que encontramos nos supermecados. Algumas dicas básicas – verificar o fundo da garrafa, checar a quantidade de informações contidas na etiqueta e fugir da palavra Reservado – são sempre bem vindas, mas encontrar um bom vinho vai muito além disso.

O Vinho & Cia publicou uma série de textos sobre o assunto e reproduzo o primeiro deles aqui (sobre a uva Malbec).

Confessa-me um companheiro enófilo, apreciador dos vinhos argentinos da Malbec, sua perplexidade diante de um número tão grande de rótulos diferentes nas prateleiras, de distintas safras, a preços os mais díspares, provenientes de tantos produtores.

Dispuz-me a ajudá-lo, bem como a outros que por acaso sintam dificuldade semelhante no momento.

Claro que ele tem suas razões pela preferência: a variedade francesa Malbec encontrou nos terrenos mendocinos de aluvião, próximos da Cordilheira dos Andes, pouco férteis e muito mineralizados, bem como no clima seco da região, de elevada amplitude térmica e baixa pluviosidade, o terroir ideal de cultivo, suplantando as condições de sua área de origem no Sudoeste da França. Nas mãos de vinicultores de talento ela origina vinhos escuros e brilhantes, frutados, cálidos, macios, de ampla aceitação, ideais para acompanhar grelhados.

SAFRAS EXCEPCIONAIS – Um elemento simplificador pode ser a escolha da safra. É verdade que a diferenciação entre safras no deserto de Mendoza não é tão aguda como em Bordeaux, na Europa em geral ou mesmo no Chile.

De qualquer forma, vamos levar em consideração que nessa primeira década do milênio tivemos duas safras fora de série em Mendoza, a saber, 2002 e 2006. Curiosamente, essas ocorrências não estão casadas com as do vizinho Chile, do outro lado da Cordilheira, que, diferentemente, excederam nos anos de 2003 e 2005 no Valle Central.

Como já se tornou difícil encontrarmos vinhos argentinos de 2002 vamos nos concentrar na grande safra de 2006, em vias de completar quatro anos, portanto na hora de consumir.

FAIXAS DE PREÇOS – A escolha pelo preço é individual pois depende do bolso de cada um e/ou da ocasião da compra. Outra simplificação, portanto, partindo de produtores e importadoras confiáveis, é a indicação para o comprador de faixas de preços pois a diferença entre os mais baratos e os mais caros é considerável. Realmente, podemos encontrar Malbecs argentinos desde a casa dos trinta reais, como é o caso do Urban Uco Malbec 2006, de Ortega Fournier, a R$ 34,00 na Importadora Vinci, até a casa dos setecentos reais ou até mais, como o Cobos Malbec 2006, da Viña Cobos, a R$ 750,00 na Importadora Grand Cru.

EXEMPLOS – Seguindo então pelas faixas de preço, podemos classificar os Malbecs 2006 de Mendoza, em quatro faixas, como segue, com preços por garrafa:

Até R$ 50,00, os mais simples, frutados, de leves para médio corpo

Finca La Linda Malbec 2006 de Luigi Bosca, a R$ 34,00 na Importadora Decanter; – Chakana Malbec 2006 da Bodega Chakana, a R$36,00 na World Wine; – Juan Benegas Malbec 2006 da Bodega Benegas, a R$ 36,80 na Vinhos do Mundo; – Gestos Malbec 2006 da Finca Flichman, a R$ 39,00 na World Wine. Chama a atenção na parte superior da faixa o Catena Malbec 2006 da Catena Zapata, que mereceu 91 pontos por Robert Parker, vendido a R$ 50,00 pela Mistral.

De R$ 51,00 a R$ 100,00, corretos, de bom corpo para encorpados

Chakana Malbec Reserva 2006 da Bodega Chakana a R$ 52,00 na World Wine; – Trazos de Autor Malbec 2006 da Bodega Anphora a R$ 68,00 na Importadora Vinea; – Kaiken Ultra Malbec 2006 da Bodega Kaiken (pertencente à chilena Viña Montes), a R$ 69,00 na Importadora Vinci; – Felino Malbec 2006 da Viña Cobos, a R$ 70,00 na Importadora Grand Cru; – Tikal Armorío Malbec 2006 da Tikal (de Ernesto Catena) a R$ 76,00, na Mistral; Na parte superior da faixa, o Viniterra Select Malbec 2006 da Bodega Viniterra, a R$ 98,00, vem recomendado pois o da safra 2005 recebera 90 pontos de Robert Parker. Distribuído pela Importadora Vinea. Além disso tomo a liberdade de citar nessa faixa de preços o Penedo Borges Malbec Reserva 2006, merecedor de uma Medalha de Prata em um concurso na Argentina, distribuído no Rio de Janeiro pela Importadora Ana Santos Alimentos.

De 100,00 a 300,00 reais por garrafa, refinados, robustos.

Viña Hormigas Malbec Reserva 2006 da Altos las Hormigas a R$ 105,00 na Mistral; – Alfa Crux Malbec 2006 Ortega Fournier a R$ 170,00 na Importadora Vinci; – Selección de Bodega Malbec 2006 Doña Paula, a R$ 216,00 na Grand Cru. Acima de 300,00 reais por garrafa, as excepcionalidades – Bramare Malbec “Marchiori Vineyard” 2006 Viña Cobos, a R$ 395,00 na Grand Cru; – Cobos Malbec 2006 da Viña Cobos RP 99 R$ 750,00 Grand Cru.

Tendo diminuído dessa forma o leque de opções, espero ter dado uma ajuda para os adeptos dos Malbecs mendocinos, particularmente aqueles que não sabem nem como começar em vista das centenas de ofertas disponíveis em catálogos e enotecas, lojas especializadas e supermercados.

Euclides Penedo Borges
Presidente a ABS-Rio

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