Um Caetano sem progresso

Considerações sobre Zii e Zie

ziiezie1bCaetano Veloso é mesmo um ser inquieto. Capaz de melodias intrincadas, harmonias elaboradas e de criar músicas pop simples e diretas, o baiano, hoje um respeitável senhor de 66 anos, chega para o lançamento de Zii e Zie (disco de inéditas que já teve vários títulos e acabou com dois subtítulos – Transambas e Transrocks), sucessor de (2006) e, provavelmente um dos mais democráticos da história da MPB.

A idéia de fazer uma Obra em Progresso e apresentar canções e arranjos à medida em que iam sendo preparados, levou Caetano a criar um blog – descontinuado no momento do lançamento oficial do disco -onde todos podiam opinar e o compositor exercitar seu lado cronista/escritor.

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Visivelmente alegres e satisfeitos com o resultado de seu trabalho, Caetano e a bandaCê Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias Gomes (baixo e piano Fender Rhodes) e Marcelo Callado (bateria) – enfrentaram um pequeno batalhão de repórteres nesta terça (14/4) no bar de um hotel do Leblon, um dos temas do álbum.

A expectativa de um trabalho ainda mais surpreendente, criada após os elogios ao (superestimado) disco de rock de Caetano, infelizmente, não deve se concretizar. Zii e Zie (tios e tias, em italiano), título que teve como inspiração secundária os versos em falso italiano da música Sun King (Beatles), sofre com uma safra de canções pouco inspiradas e arranjos pseudo rock, que pareceram engessados com o formado da banda (bateria, guitarra e baixo).

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Que houve progresso desde a primeira apresentação das novas canções é fato, mas os riffs de guitarra (algumas harmonias monotônicas) e o andamento bastante parecido dos números, causam uma certa decepção.

O álbum segue irregular nas suas 13 faixas .  Se há o apelo alegre e sensual de A Cor Amarela, também há a dispensável Lobão Tem Razão e a longa Perdeu (que é a preferida de vários coleguinhas). Base de Guantánamo e Falso Leblon também tem seus momentos, mas não decolam.

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Zii e Zie sai com uma tiragem de apenas 10 mil CDs, que é muito pouco para um Caetano Veloso, mesmo em tempos de crise e sendo um trabalho que não chega a fazer jus ao talento do artista.

Fotos: Divulgação / João Laet e Fernando Young

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